Cotidiano

Moradores contam a realidade de viver em palafitas na zona oeste

Barracos foram construídos há mais de dois anos. No local, vivem aproximadamente 26 famílias entre brasileiros e imigrantes venezuelanos

Há mais de dois anos aproximadamente 26 famílias, entre brasileiros e imigrantes, moram em casas de palafitas sobre um lago no bairro Alvorada, na zona Oeste de Boa Vista. A FolhaBV conversou com alguns moradores que relataram como é viver no local.

Entre as famílias que moram nas palafitas, seis são de brasileiros. Um morador, que preferiu não se identificar, relata as condições de moradia da comunidade improvisada.

“As nossas condições são precárias, a maioria aqui morava de aluguel ou de favor antes de vir pra cá e nós encontramos aqui um local que pudéssemos chamar de lar”, disse.

Os moradores recebem ajuda e doações de ONGs e do Exército Brasileiro, que se solidarizam com a situação, mas nas dificuldades enfrentadas por eles a falta de emprego é a principal.

As irmãs venezuelanas, Ana e Yubelys Delgado, migraram para o Brasil na mesma época em que as palafitas começaram a ser construídas e contam que na vila todos se ajudam e vivem em harmonia.


Irmãs Ana e Yubelys Delgado contam como é o dia-a-dia na vila improvisada (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Ana Delgado, de 44 anos, divide um dos barracos com a filha e o neto e diz que o dia-a-dia é tranquilo no local, quando alguém precisa deixar o barraco para trabalhar ou resolver algo fora, os outros moradores ficam vigiando as moradias e garantem a segurança dos barracos.

“Aqui nós moramos com uma família, quando alguém precisa de ajuda com algo nós ajudamos, vigiamos as casas uns dos outros quando alguém precisa sair e vivemos bem e em harmonia”, relatou Ana.

Para Yubelys Delgado, 50 anos, a falta de emprego é a maior dificuldade, ela que mora com o marido que é catador se mostra apta para qualquer oportunidade de trabalho remunerado.

“Caso alguém precise de algum serviço nós estamos aqui. Eu preciso de um emprego, a nossa maior dificuldade é conseguir trabalho, pois muitos brasileiros nos discriminam muito”, conta.

A situação no inverno para os moradores é ainda mais difícil. Segundo um dos moradores, quando chove o lago enche e alguns têm que usar barcos para sair de casa. No verão, os moradores usam uma passarela de madeira para se locomover entre as casas, que traz ainda mais riscos para eles.

“No inverno a situação é precária, a gente precisa usar canoa para sair de casa. A água bate no joelho, nós temos crianças pequenas e não podemos abandonar o nosso lar. Então a gente tem que suportar esse período”, relata.

Doações

Mesmo com a ajuda recebida, os moradores relatam que por conta da falta de emprego as necessidades são recorrentes. Eles pedem doações de alimentos, roupas e material escolar para as crianças.

Para quem desejar fazer as doações, as palafitas se localizam ao fim da rua Raimunda Pessoa de Almeida, no bairro Alvorada, localizado na zona Oeste de Boa Vista.