Cotidiano

Moradores da Comunidade Boca da Mata denunciam más condições em escola

Unidade de ensino possui dois prédios para atender 196 alunos das comunidades Boca da Mata, Sol Nascente, Sabiá, Entroncamento, Arai, Nova Esperança e da sede de Pacaraima

Uma comissão formada por servidores, alunos e pais de alunos fizeram uma denúncia sobre as condições de infraestrutura da Escola Estadual Indígena Tuxaua Antônio Horácio, localizada na comunidade Boca da Mota, na Terra Indígena de São Marcos, no município de Pacaraima, a 30 metros das margens da BR-174.

A unidade de ensino possui dois prédios, um antigo e outro anexo com quatro salas, para atender 196 alunos das comunidades Boca da Mata, Sol Nascente, Sabiá, Entroncamento, Arai, Nova Esperança e da sede de Pacaraima, do primeiro ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio. Segundo os servidores, com a falta de espaço, os alunos precisam usar as salas inadequadas do prédio antigo para comportar os estudantes.

De acordo com a comissão, os principais problemas enfrentados pela comunidade são a da estrutura da escola, como falta de instalação elétrica e hidráulica; banheiros e bebedouros quebrados; salas com janelas e portas danificadas; falta de salas específicas para os professores, biblioteca e laboratório de informática com acesso a internet; espaço para copa e refeitório; e muro e gradeamento de portas e janelas.

Além disso, os servidores alegam que falta corpo técnico administrativo, fardamento escolar para os alunos e material didático. “Hoje as merendeiras que estão trabalhando lá voluntariamente estão tirando do bolso pra poder manter o banheiro limpo e a gente sabe que existem recursos pra educação básica em nome das comunidades indígenas do Estado”, disse Francisco Souza, coordenador pedagógico da escola.

 

Janelas quebradas da escola deixam o espaço aberto para entrada de animais, como morcegos (Foto: Divulgação)

 

INFESTAÇÃO DE MORCEGOS

Outro ponto citado na denúncia é quanto a quantidade de morcegos que perambulam na região. “Já foi detectado que alunos e professores contraíram alguma doença devido à quantidade de fezes e urina de morcegos”, afirmou o diretor da escola, Ismael Fernandes.

O aluno Alcirley Barbosa relatou que a situação que os alunos se encontram é grave “A gente chega numa sala e aquele cheiro insuportável. Acho que não tem mais condições da gente estudar lá”.

 

REDE ESTADUAL

Conforme o Tuxaua da Boca da Mata, Celso Antônio, desde janeiro deste ano que a comissão tenta entrar em contato com a Secretaria de Educação (Seed) e até o momento não obtiveram resposta. “Até agora nada foi feito”, disse. “Não dá pra ver os filhos da gente nessa condição, passando por esse sofrimento. Tudo ‘tá em precariedade por irresponsabilidade do governo”, reclamou.

“Como a gente sequer teve o respeito de ser recebido, a gente vai procurar todos os meios para garantir os nossos direitos, como pais e também garantir o direito deles (dos alunos)”, finalizou o coordenador.

OUTRO LADO
Segundo o Governo do Estado, um processo de revitalização das instituições de ensino, que inclui manutenção elétrica e hidráulica está em andamento na Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) e que “todas as escolas estaduais serão revitalizadas, inclusive as instituições indígenas”, além de estar “providenciando a aquisição de bebedouros para atender as unidades de ensino”.

O Executivo voltou a ressaltar que “a atual gestão encontrou a grande maioria das escolas estaduais indígenas e não indígenas com a estrutura física muito comprometida e danificada” e afirmar que “vem trabalhando para recuperar os espaços educacionais para a oferta de uma educação com qualidade”.

“Destacamos ainda que a Seed, por meio da Divisão de Educação Indígena, mantém diálogo aberto com representantes dos povos indígenas, participando inclusive de assembleias realizadas por estas representações, ouvindo e registrando as reivindicações e demandas dos mesmos”, completou a nota.

Por fim, a nota do Governo corrige o número de alunos na escola indígena Antônio Horácio informado pelos denunciantes, explicando que a unidade “atende hoje 186 estudantes nas modalidades Ensino Fundamental (anos iniciais e anos finais) e Ensino Médio” e completa: “em toda rede estadual hoje são 255 escolas indígenas com 14.161 alunos matriculados”.

 

Bebedouros da unidade escolar se encontram quebrados (Foto: Divulgação)

Por conta do mau-cheiro, alguns alunos preferem estudar fora de sala de aula (Foto: Divulgação)