Cotidiano

Moradores da zona oeste denunciam falta de água nos bairros

AYAN ARIEL

Editoria de Cidades

A falta de água tem se tornado uma dor de cabeça para a população de vários bairros da capital, como é o caso dos bairros São Bento e Cidade Satélite. A Folha recebeu denúncia de moradores dessas regiões, que dizem enfrentar esse problema há um bom tempo.

Dona de casa, Kelly Ramos, de 35 anos, moradora do São Bento, disse que a interrupção da distribuição no trecho da rua aonde ela mora vem ocorrendo há pouco mais de dois meses, o que tem prejudicado a rotina dela e de seus três filhos.

“De dia e de noite, não tem água para nada, nem para fazer o almoço. Aí eu tenho que comprar água ou ir para a casa da minha irmã, fazer o almoço lá. O meu filho quase reprovou na escola, porque quando amanhecia o dia, já não tinha mais nada para ele tomar banho”, relatou a dona de casa.

Apesar de haver esse problema de desabastecimento, a conta da Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caer), responsável pelo abastecimento no estado, chega mensalmente na casa de Kelly. O valor gira em torno de R$ 43, mesmo sem o uso do bem.

Ao mesmo tempo, algumas quadras após a casa da moradora, ainda na mesma rua, a distribuição continua em sua normalidade. A irmã de Kelly mora naquela área, como dito anteriormente por ela.

“Eles construíram o poço artesiano do bairro atrás do posto de saúde daqui, mas só piorou. A coisa ficou ruim não só para mim, mas também para os vizinhos. É um absurdo você ter que ficar acordado até de madrugada para ter que colher uma balde de água, que a gente precisa usar na nossa rotina. Então eu espero que eles resolvam esse problema, porque isso é desumano”, comentou a moradora.

Vizinho de Kelly, o aposentado Jonas Pereira Gama, de 72 anos, pontuou sobre a conta chegar sempre, todo o mês, mesmo sem a água estar à disposição. “Não paro de pagar, pois mesmo sem água, se não pagar, eles vêm e cortam o cano”, declarou o senhor que mora com a esposa e quatro netos naquela rua.

A Folha também recebeu denúncia de falta de água no bairro Cidade Satélite. Segundo a servidora pública Rosana Marques, de 34 anos, o problema do desabastecimento vem se agravando há três semanas. Moradora do bairro há três anos, ela sempre reparou que a pressão da água é muito baixa.

“Às vezes, quando é 22h, a gente consegue aparar alguma água da torneirinha da rua. Ontem a gente não conseguiu encher o balde para fazermos as coisas aqui em casa”, contou.

A mulher que mora com o esposo e o filho se diz prejudicada pela situação. “A roupa não lavamos mais em casa. A gente sai no fim de semana para evitar ficar sem água. Ficar sem isso é complicado, ainda mais com criança pequena”, concluiu.

INTERIOR DESABASTECIDO – No interior, os problemas em relação à água também vêm assolando a população. Isso porque, de acordo com denúncia recebida pela Folha por fonte anônima, o município de Iracema estaria sem água desde a semana passada. A informante salientou que, durante o dia, a distribuição é nula e a noite, a pressão da água é fraca.

A fonte teria entrado em contato com a Caer para falar sobre a situação, porém não houve retorno.

Equipes visitarão os locais das denúncias, afirma Caer


Caer diz que trabalhos serão feitos nos locais denunciados (Foto: Divulgação)

Por meio de nota, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) informou que uma equipe da empresa irá ao bairro São Bento para verificação junto aos moradores do local e que outra equipe foi na tarde desta quarta-feira (22) no bairro Cidade Satélite para tomar as devidas providências. A Caer informou que um dos equipamentos do sistema do Centro de Reservação e Distribuição do Bairro Caranã, que fornece água para o Cidade Satélite, foi danificado e em decorrência disso o sistema foi desligado para os devidos reparos, o que comprometeu parcialmente o abastecimento, e que o problema foi solucionado.

Sobre o município de Iracema, a Companhia esclareceu que a cidade possui um total de 1.383 imóveis com ligação de água e é abastecida por nove poços artesianos ativados conforme a necessidade da população, pois a rede de distribuição de água local é obsoleta devido à falta de investimentos nos últimos anos.

Por conta disso, a Caer já está com projeto elaborado para aproveitamento de estrutura de uma obra antiga, oriunda de convênio firmado entre a Prefeitura e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Trata-se de um reservatório e duas elevatórias que serão utilizados para reforçar o abastecimento de água na região.

Ainda segundo a empresa, está sendo finalizada também a licitação para perfuração de poços artesianos e deve ativar mais dois poços no município, o que vai contribuir para melhorar consideravelmente o fornecimento.