Cotidiano

Moradores de área invadida denunciam agressão

Segundo o relato, equipes de fiscalização da Prefeitura foram truculentas durante abordagem de remoção

Famílias que estão acampadas em uma área de invasão no bairro São Bento, zona Oeste, denunciam que foram agredidos nesta madrugada por uma equipe de fiscalização da prefeitura de Boa Vista acompanhados da Guarda Municipal.

“Eles chegaram jogando as pessoas no chão, bateram e deram choque. Até grávidas foram agredidas”, disse o presidente da Associação Nova Vida, Cleudiomar de Souza. Os agredidos registraram Boletim de Ocorrência no 5º Distrito Policial.

A área de invasão está localizada atrás da Usina de asfalto da prefeitura, no bairro São Bento. O grupo de 400 pessoas acampa na região há dois meses. “Não vamos sair daqui”, disseram os invasores.

“Essa área pertence à diocese e não é de domínio público. Se eles [fiscais da prefeitura] chegassem com mandado de integração de posse, nós iríamos sair. Mas eles não apresentam documento algum. A diocese nos passou um documento informando que apenas a área onde era despejado o lixo da usina que pertence à prefeitura”, disse Souza.

Agressão

Os moradores relataram que quando a equipe chegou com as máquinas para derrubar os barracos havia crianças dormindo.

“Eles chegaram nos agredindo, um dos fiscais disse que podia bater em todo mundo. Isso é covardia. Eu estou grávida de dois meses e fui agredida, me deram choque”, disse Amanda Feitosa, 20 anos.

Diana Lopes, 24 anos, também relatou a agressão sofrida pela equipe da prefeitura. “Eles me empurram que eu cair. Estou grávida de 8 meses. Registrei boletim de ocorrência”, comentou.

Prefeitura

A Prefeitura de Boa Vista confirmou que os fiscais da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) estiveram nesta quinta-feira, 26, no bairro São Bento, acompanhados de Guardas Municipais para remoção de invasores de uma área institucional (de acordo com o decreto Nº 171, de 11 de novembro de 1989), porém não comentou sobre as agressões.

Conforme a prefeitura, o local em questão é uma área que coloca em risco a integridade física das pessoas, pois antes funcionava como depósito de lixo e ainda contém materiais que prejudicam a saúde, sendo totalmente impróprio para a moradia.

“A prefeitura reforça que a invasão dessas áreas é crime previsto na Lei Federal Nº 4.947/66 e pode resultar em multa e prisão de seis meses a três anos. Essa ação de fiscalização é mantida permanentemente, para coibir loteamentos irregulares e invasões de áreas institucionais e de terrenos pertencentes ao patrimônio público”, disse em nota.