Moradores denunciam falta de transporte coletivo

Sentimento de abandono. É dessa forma que os moradores do Cidade Santa Cecília definem a situação da falta de transporte coletivo na comunidade. Desde o começo de janeiro, a empresa que prestava serviço com um micro-ônibus abandonou a rota por afirmar que era insustentável manter o traslado por falta de passageiros. Com isso, os moradores tiveram que procurar outros meios para saírem do bairro.

Localizada no município do Cantá, logo após a Ponte dos Macuxis, a prática de pedir carona para chegar até Boa Vista se tornou comum, mesmo com o receio por parte de alguns moradores. De acordo com a dona de casa Ariane Figueira, ela precisa ir até a capital pelo menos três vezes na semana para comprar comida e chega até a ficar na estrada para conseguir encontrar alguém para levá-la até a cidade.

“Não tem transporte. Antes passava uma Kombi às 7h, mas parou de passar também. Paro bem ali e às vezes ninguém quer dar carona, então não tenho como ir. Outras vezes, eu falo com os meus vizinhos para não deixar de ir”, relatou Ariane, que mora no Santa Cecília há cinco meses.

Conforme afirmou uma moradora que não quis se identificar, quando tem algum tipo de transporte coletivo, é oriundo do Cantá, já que para a comunidade, não há nenhum tipo de veículo. Dessa forma, a Associação de Moradores convocou uma reunião com os representantes municipais e os moradores para que fosse encontrada uma solução emergencial. A opção foi um acordo com uma cooperativa de táxis do município.

O presidente da associação, Roferson Borges, justificou que não houve outras manifestações por parte da Prefeitura do Cantá, somente um vereador teria aparecido na reunião convocada. “Como muitos moradores necessitam por não terem o transporte, procuramos a empresa para chegarmos a esse acordo. É R$ 5 a passagem, mas só levam se lotar o carro com os seis passageiros”, disse.

Borges enfatizou que a preocupação é para a chegada do período eletivo das escolas, já que desde agora muitos moradores estão precisando mudar a rotina e acordar mais cedo para conseguirem completar todos os passageiros necessários para chegarem ao trabalho. “Vai ficar uma situação crítica porque tem um horário certo para sair e chegar”, encerrou o morador.

Falta de coleta de lixo e iluminação pública também são alvos de reclamações

Além do problema com o transporte coletivo, os moradores garantem que há falta de iluminação pública e o recolhimento de lixo não é frequente. O motorista Robson Costa revelou que muitas vezes é preciso ligar para alguém responsável da Prefeitura do Cantá para que o lixo seja retirado da frente das casas.

“É tudo responsabilidade do Cantá e não fazem nada para o município, é abandonado totalmente. Nada aqui funciona. Caminhão de lixo é uma dificuldade para parar”, destacou o morador. Na iluminação, o presidente da Associação de Moradores destacou que a imobiliária de lotes do Santa Cecília presta algum tipo de suporte.

“É um bairro muito esquecido pela administração pública do Cantá. Precisamos da iluminação e a associação corre atrás de lâmpadas e reatores. Se um morador se dispõe a colocar iluminação dentro da sua residência, ele paga um eletricista, mas nem todos têm essa condição de fazer isso”, apontou Roferson Borges.

Prefeitura garante estar a par de problemas enfrentados por moradores

Por telefone, o secretário de Segurança Urbana e Trânsito Rodoviário do Cantá, Sérgio Raiol, informou que antes a imobiliária disponibilizava um transporte com micro-ônibus, mas o serviço deixou ser prestado. A substituição da empresa de transporte ocorreu, porém houve a mesma justificativa de falta de passageiros para manter o traslado viável.

“Ficou de eles procurarem a gente para viabilizarmos um transporte alternativo, como vans ou micro-ônibus, que teríamos que abrir um processo para liberar um alvará de lotação. Até o momento, só temos alvarás para os táxis do Cantá e não temos porque nunca fomos procurados”, garantiu o secretário.

Raiol prosseguiu dizendo que está sabendo da falta de transporte no Santa Cecília, mas que não foi convocado para a reunião realizada pelos moradores. Ele garantiu que é necessário um documento formalizado pelos próprios moradores para que a prefeitura possa encontrar alguma medida para sanar os problemas.

“Queremos ajudar e não colocamos nenhum tipo de empecilho porque a prefeitura não tem como disponibilizar uma van para fazer esse transporte. Tem que provocar a administração pública para que dê uma solução ou disponibilize. Sempre me coloquei à disposição de ajudar”, finalizou o secretário.

ILUMINAÇÃO – Já o titular da Secretaria de Infraestrutura do município, Narivaldo Dias, esclareceu que a coleta de lixo está acontecendo normalmente e quando há problemas com o coletor, é avisado para a Associação de Moradores. Sobre a iluminação pública, o secretário confirmou a procedência do problema e disse que a gestão está trabalhando para resolver, porém, ainda não há uma previsão para isso. (A.P.L)