Cotidiano

Moradores do bairro Caimbé reclamam do avanço da prostituição à luz do dia

Com garotas de programa venezuelanas chegando a toda hora, pontos de prostituição aumentaram, provocando problemas aos moradores

Embora a prostituição não seja considerada crime, a atividade acaba fomentando algumas mazelas sociais, como a venda de drogas, assaltos e até o aliciamento. E as famílias que moram próximas ao ponto de prostituição atrás da Feira do Passarão, no bairro Caimbé, zona Oeste, já reclamam que estes tipos de crime estão aumentando. Donas de casas e até adolescentes também reclamam dos assédios que sofrem quando caminham pelas ruas próximas à zona.

“Já fui abordada por dois homens em um carro. Passava das 7h e eu ia para a escola quando eles pararam e perguntaram quanto era o meu programa. Fiquei muito constrangida. Foi horrível e tive muito medo. Tenho até receio de sair hoje de casa”, relembrou a jovem de 17 anos, que preferiu não dizer seu nome.

O tráfico de droga e os assaltos aumentaram naquela área, segundo a vizinhança. A qualquer hora do dia ou da noite, os traficantes agem livremente pelas imediações dos prostíbulos. As profissionais do sexo alegaram que o tráfico naquele local é intenso, porque muitos clientes gostam de transar usando droga. “Muitos cheiram pó ou fumam maconha dentro do quarto durante o ato sexual, por isso os traficantes ficam sempre por perto”, explicou uma garota de programa.

Moradores querem que as autoridades públicas tomem providências o quanto antes, pois as famílias que moram perto da zona agora são obrigadas a se trancarem em suas casas, porque traficantes e assaltantes rondam pelas ruas, em meio às garotas de programa.

“Antes, os cabarés só funcionavam à noite, mas agora são abertos 24 horas. As prostitutas, coitadas, não têm culpa. Mas os assaltantes atacam quem passa por lá. É comum também ver jovens usando e vendendo droga atrás desta feira”, relatou uma moradora, que também preferiu não dizer seu nome.

Outra moradora, que pediu para não ser identificada, relatou que as irmãs e o seu pai já foram assaltados na rua que virou zona. “Os bandidos entraram no carro e levaram meu pai. Depois o feriram na cabeça. Precisamos de segurança”, cobrou.

A dona de casa disse que chega a ser humilhante para uma mãe presenciar cenas dessa natureza ao sair de casa com os filhos, sem falar dos riscos que correm as mulheres casadas com seus maridos, que passam pela rua e são assediados pelas garotas, com seios e bumbum à mostra. “Não podemos mais passar por lá com nossos filhos. As crianças passam por situações constrangedoras. Por tudo isso, pedimos às autoridades que tomem uma providência”. (AJ)

Dezenas de garotas de programa da Venezuela vêm para Boa Vista

A crise na Venezuela está “inflando” o mercado do sexo em Roraima. O número de garotas de programa do país vizinho vem aumentando na Capital, e isso fez cair o preço dos serviços. Antes, as brasileiras cobravam em média até R$ 100,00 nas casas de show dos bairros da zona Oeste, mas agora, com a forte concorrência, o serviço pode custar até R$ 50,00. E foi isso que fez aumentar o movimento no bairro Caimbé.

Para driblar a crise e reconquistar a clientela, as brasileiras tiveram que expandir o horário de atendimento e diversificar os serviços. A mudança pode ser facilmente notada, por exemplo, na Rua Ivone Pinheiro, no bairro Caimbé. As garotas de programa, ao raiar do sol, já estão posicionadas nas esquinas à espera dos clientes.

A Folha foi pela manhã, ao local, e conseguiu entrevistar algumas garotas, que deram detalhes de como hoje funciona o programa. “As venezuelanas fizeram cair o preço do programa pela metade. Alegaram problemas financeiros com a família no país delas. Mas nós não temos culpa. Antes, a gente fazia até seis programas por noite, mas agora a gente tem que ir à esquina até de dia atrás dos clientes. O movimento caiu muito”, lamentou uma garota de programa brasileira, de 28 anos, que preferiu não se identificar.

A Folha também conseguiu entrevistar uma venezuelana. A garota confirmou que a péssima condição financeira em seu país a fez procurar “novos mercados”. Usando o “nome de guerra” Maye Brandt – uma miss Venezuela da década de 80 – a jovem contou que, em Santa Elena, primeira cidade na fronteira do Brasil com a Venezuela, ao Norte, o preço do programa “bem pago” não sai nem a 500 bolívares, o que equivale a menos de R$ 3,00.

Há um mês em Boa Vista, Brandt disse que fatura, em média, R$ 1.400,00 por semana, cobrando R$ 50,00 pelo programa completo. A garota atende uma média de quatro clientes por dia. O dinheiro, segundo ela, é quase todo enviado para a família, que mora em Santa Elena.

“Tenho um filho de 3 anos, quatro irmãos e uma mãe doente. Meu pai morreu quando éramos crianças. Então, entrei nesta vida com 18 anos e estou conseguindo sustentar minha família até hoje. O movimento aqui é muito bom”, disse a venezuelana.

A garota relatou que no mês passado chegou a Boa Vista com mais 60 garotas de programa do país vizinho. Cada uma escolheu o seu ponto, mas a maioria ficou atrás da Feira do Passarão. As mais jovens e bonitas, segundo a venezuelana, foram contratadas pelos donos de casas de show mais frequentadas da Capital. (AJ)

Amazonenses também entram na disputa

Se as venezuelanas estão complicando a vida das roraimenses, para acirrar ainda mais a concorrência as amazonenses também decidiram arriscar a sorte por aqui. A Folha entrevistou uma garota de programa de Manaus (AM). Ela disse que faz até cinco programas por dia, cada um a R$ 100,00.
“As meninas daqui não faziam isso, mas agora trabalhamos com produtos eróticos e até aqueles ‘brinquedinhos’. Tem gosto para tudo. Tem casal que contrata meus serviços, tem gay, tem lésbica. Dependendo dos serviços, o preço muda e o pagamento tem que ser adiantado”, afirmou. (AJ)