Cotidiano

Moradores do bairro Canarinho reclamam de fechamento de retornos

A Prefeitura de Boa Vista anunciou há poucos dias o fechamento de retornos em algumas avenidas da cidade. A principal delas é a Ville Roy (sentido Caçari), na Zona Leste, onde apenas cinco retornos estão mantidos. Para a população da região, a medida gera prejuízos, já que ao longo da extensão do bairro Canarinho somente um retorno não foi fechado, sendo este o único ponto tanto para acesso ao bairro, quanto para a saída.

Outro problema abordado pelos moradores é a dificuldade para chegar ao Centro da cidade. Como o bairro não tem acesso à Avenida Getúlio Vargas, porque não há pontes ou ligação entre o final do bairro e a via, os moradores precisam realizar um retorno na Ville Roy para irem ao Centro.

“Nosso bairro é cortado por várias valas e igarapés, por isso não temos acesso à Avenida Getúlio Vargas. A nossa entrada e saída sempre foi pela Ville Roy e, agora, que eles fecharam todos os retornos, só temos um local para entrar e sair”, relatou uma moradora, que não quis se identificar.

Ela relatou que o bairro também é dividido por várias valas e que fica praticamente impossível transitar nele sem os retornos da Ville Roy. “Se eu quero sair da minha rua e ir para a rua do outro lado, que é separada por uma vala, tenho que fazer uma volta enorme. Preciso descer pela Ville Roy para fazer o retorno lá em baixo, fazer um trajeto imenso bem acima da rua que eu quero ir, para só assim conseguir chegar na rua ao lado”, explicou.

Para George Moreira, morador da região há mais de 25 anos, o fechamento dos retornos ocasionará mais acidentes na avenida. “Se antes, com todos os retornos, já tinha acidentes horríveis, imagina agora que não vão ter mais que se preocupar em parar nos cruzamentos. Pode esperar que terão vários ‘rachas’. O pessoal vai andar a 130 quilômetros por hora fácil nessa avenida”, disse.

Para ele, o fechamento dos retornos não levou em consideração as particularidades do bairro. “Isso sem contar as filas enormes que já estamos enfrentando nesse retorno nos horários mais corridos”, comentou.

Moreira entende que uma solução para o problema seria criar retornos com mão única. “Pra evitar o cruzamento nos retornos, seria ideal se eles se tornassem com passagem única. Por exemplo, esse aqui só entra e o da frente só sai. E não fechassem todos e somente um ficasse disponível para tudo”, sugeriu. (J.L)

Prefeitura alega que fechamento de retornos nas avenidas é necessário

A Prefeitura de Boa Vista atribuiu o fechamento dos retornos das avenidas da cidade ao aumento da frota de veículos e, consequentemente, de acidentes. Com isso, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito (SMST) iniciou um trabalho de reestruturação nos canteiros centrais, utilizados como retornos nas avenidas.

Os trechos que vão ser modificados estão localizados em quatro avenidas: Ville Roy (15 retornos), Capitão Júlio Bezerra (9), Centenário (11) e Glaycon de Paiva (17). No total, 52 trechos serão modificados, sendo que alguns serão fechados e outros prolongados. “A distância para fazer o retorno aumentará, mas a segurança também”, destacou a PMBV. Estudos preliminares indicam que serão reduzidos ainda os pontos críticos de trafegabilidade nas avenidas.

A PMBV reforçou que foi feita uma análise minuciosa para que as modificações ocorressem, visando sempre o bem-estar e a segurança do cidadão. “Nós pedimos ainda, a compressão da população e informamos que as mudanças são necessárias e que todos precisarão se adequar, pois, dependendo do trajeto, é possível pegar rotas alternativas”, disse em nota enviada à Folha.

Sem informar quantos acidentes ocorreram no ano passado, a Prefeitura de Boa Vista informou que só no primeiro trimestre deste ano foram registrados cerca de 700 acidentes. “A reestruturação se faz necessária diante do índice de acidentes com vítimas na capital”, explicou. O atual número da frota também motivou a mudança. No último levantamento feito em agosto, foram registrados mais de 160 mil veículos em Boa Vista, sendo que 46% do total é composto por motocicletas, veículo que representou 78% dos acidentes ocorridos no ano passado.