Moradores do bairro Cauamé, zona Note, denunciam que integrantes de facções criminosas estariam agindo impunemente a qualquer hora do dia. Para intimidar os cidadãos e até desafiar a polícia, segundo eles, os bandidos delimitam territórios pichando as siglas criminosas em muros e fachadas de imóveis.
A Folha percorreu, ontem pela manhã, as ruas do bairro Cauamé e constatou as denúncias. Moradores atônitos reclamaram da ação dos marginais que agora, segundo os denunciantes, andam em bando, planejam os crimes e atacam com mais violência.
“Antes a gente via apenas adolescentes usuários de droga formando galera e cometendo assalto para sustentar o vício. Mas agora são bandidos que utilizam até carros nos roubos a casas e comércios. O crime se organizou literalmente”, lamentou uma funcionária pública, que preferiu não se identificar.
Os criminosos delimitam áreas no bairro. Na esquina das ruas Argentina e Áustria, por exemplo, as siglas criminosas nos muros indicam a quem pertenceria o setor. Na Rua Alemanha, outra facção também já delimitou seu território de atuação.
“Não podemos sair à noite. Esses bandos invadem casas e comércios. São muito violentos e tocam o terror. Estamos acuados dentro de nossas casas, aguardando alguma providência da polícia. A gente hoje se tranca em casa porque os bandidos andam soltos na rua”, reclamou outra moradora.
ZONA OESTE – O território dos criminosos se estende. No bairro União, na zona Oeste, na esquina das ruas Waldemar Coelho com Jael Barradas, outra facção criminosa deixou seu recado na parede de uma casa. No bairro Pricumã, também na zona Oeste, os criminosos também já demarcaram terreno.
“Ficamos reféns desses criminosos. À noite eles ficam pelas esquinas esperando um morador sair. Andam armados de moto ou de carro. A sensação de insegurança é grande. Até quando?”, questionou uma moradora do bairro União.
INVESTIGAÇÃO – O setor de Inteligência da PM investiga a ação de facções criminosas que dão ordens de dentro da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, maior presídio de Roraima que fica na região do Monte Cristo, zona Rural da Capital. De lá, segundo investigações, os presos ordenam assaltos e a instalação de novas bocas de fumo.
Duas facções criminosas disputam espaço dentro e fora da Penitenciária: Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC). Os “cabeças” dessas facções, ainda segundo investigações da polícia, recrutam outros criminosos utilizando redes sociais e o aplicativo WhatsApp.
O Setor de Inteligência monitora a ação das facções criminosas citadas na matéria. A polícia informou que não pode dar mais detalhes para não atrapalhar as investigações. (AJ)
PM tenta localizar pichadores
O Comando-Geral da Polícia Militar informou à Folha que o 1º Batalhão, responsável pelo policiamento da região que compreende o bairro Cauamé, já está tomando todas as providências operacionais para localizar os autores das pichações. A PM destacou que, desde março deste ano, vem realizando ações da Operação Tolerância Zero, que têm como intuito principal coibir crimes e atividades ilícitas na região, garantindo a tranquilidade da população boa-vistense.
“O comando está realizando levantamento nos bairros de maior índice de ocorrência, a fim de realizar ações para a implantação do Conselho Comunitário de Segurança, que é basicamente uma estratégia de policiamento feita em parceria com as comunidades locais, onde as mesmas se colocam vigilantes e ativas, compartilhando informações relevantes à instituição militar, a fim de evitar diversos crimes e ajudar a manter a comunidade mais segura”, frisou em nota.
A corporação ressaltou ainda que a população que estiver com algum problema relacionado à segurança, seja de urgência ou emergência, pode entrar em contato com a instituição por meio do telefone 190.