De segunda-feira da semana passada, 25, até sexta-feira, 29, período em que a equipe reportagem da Folha esteve na Vila Nova Colina, em Rorainópolis, no Sul do Estado, acompanhou também de perto a dificuldade dos moradores da Vicinal 18, localizada a cinco quilômetros da vila com relação à falta de energia. Moradores como a merendeira Adriana Souza, 38, que durante quatro anos lutou para tentar se manter na vicinal produzindo para garantir pelo menos o sustento dos filhos, foi obrigada a abandonar o sítio onde morava por falta de energia.
“Nós simplesmente largamos tudo para trás. Produzíamos maxixe, cenoura, mandioca e feijão, mas tudo se acabou. Foram só promessas. Esse programa Luz para Todos só se ouvia do boca a boca, porque nem televisão tinha na minha casa. Os postes e cabos nunca chegaram até o final da vicinal. Sem energia não tem como produzir, nem como instalar irrigação ou como puxar água do poço”, relatou Adriana.
Na quarta-feira, acompanhada de uma comitiva de moradores da Vicinal 18, a Folha foi até a sede da Companhia Energética de Roraima (Cerr), em Rorainópolis, mas o funcionário que estava de plantão não aceitou registrar a denúncia da falta de energia. Apenas afirmou “que o problema seria resolvido naquele mesmo dia”, o que não ocorreu.
“Estamos há cinco dias sem energia porque a fiação é podre, não aguentou e arrebentou. Nisso pegou fogo na vegetação, foi um desespero até que conseguimos apagar o incêndio. Três dias depois o pessoal da Cerr veio aqui, remendou, mas duas horas depois os fios arrebentaram de novo e foi outro fogaréu”, disse a dona de casa Elza Maria Gomes de Araújo, 45.
A Folha foi informada de que existe apenas um caminhão Munck para atender 69 vicinais, além da sede do município e as vilas Nova Colina, Jundiá, Equador e Martins Pereira. Na segunda, 25, o caminhão teria dado pane, retornando no dia seguinte.
Quanto à troca de postes de madeira por concreto, um funcionário afirmou que a substituição só ocorre quando o poste cai. “Aqui perto da minha casa tem um canavial. A fiação está tão velha que os donos não se arriscam a colher a cana com medo de morrer. Temos postes que estão com o pé coberto de cupim, quase caindo, mas nem assim são trocados”, disse um dono de sítio que preferiu não se identificar com medo de represália.
CERR – Por meio de nota, a assessoria da Cerr informou que tem desenvolvido um trabalho emergencial de substituição de postes de madeira por de concreto em todo o interior do Estado, sobretudo no período de inverno, quando costumam aumentar as ocorrências de queda de postes.
Informou que já teria contratado uma empresa para fornecimento de postes e cruzetas de concreto para atender o sistema de distribuição de energia da Cerr e que vem sendo realizada de forma gradativa a troca de todos os postes do sistema.
Cotidiano
Moradores estão abandonando vicinais
Além da constante falta de energia por causa do postes de madeiras que estão desabando, programa Luz para Todos não chegou