Cotidiano

Moradores reclamam de barulho e fumaça de usina termelétrica 

Roraima Energia informou que a previsão de redução ou até parada de funcionamento da usina está prevista para Julho de 2021

Moradores do entorno da usina termelétrica de Jardim Floresta, no bairro do mesmo nome, procuraram a Folha para denunciar que não suportam mais o barulho e a poluição provocada pelos motores térmicos de geração de energia. Afirmaram que pessoas estão adoecendo e nas casas já aparecem rachaduras. Na tentativa de ver suas reivindicações atendidas, eles fizeram um abaixo-assinado e entregaram ao Ministério Público Estadual (MPE), além de denunciarem o caso na Superintendência de Proteção Ambiental da Prefeitura de Boa Vista e na Femarh (Fundação Estadual de meio Ambiente e Recursos Hídricos).

À Folha, a moradora Milca França disse que vem buscando seus direitos desde o ano de 2014, mas em vão.

“Estamos num mato sem cachorro. Desde 2014 que procuro o Ministério Público Estadual para fazerem alguma coisa, mas até agora não fizeram nada. Já protocolamos denúncia e entregamos um abaixo–assinado com mais de 50 assinaturas de moradores e a respostas que tivemos é de sabem que é algo sério, que iriam resolver, mas não tem data para isso, pois é algo será feito a médio e a longo prazo”, disse. “O promotor que me atendeu orientou que procurasse um advogado particular, mas não fiz isso. Procurei a Secretaria de Meio Ambiente, da Prefeitura, que também não fez nada”, afirmou

Entre os problemas citados, a moradora falou de estresse e que perdeu amigos que deixaram de lhes visitar. “Além dos amigos me abandonarem por conta do barulho, tem a fumaça com o cheiro. Quem quer visitar uma casa que não pode mais ficar a vontade. Tenho um pé de mangueira, mas não podemos mais ficar na sombra. Isso é muito ruim”, lamentou.     

Já o morador Amarildo Brasil disse que a poluição sonora e de gases têm atrapalhado sua vida e dos vizinhos, e que, inclusive, já começou a aparecer pessoas se queixando de doenças respiratórias e de casas que apresentam rachaduras. 

“Convivemos constantemente com o barulho dos motores ligados e com a emissão de gases diuturnamente sobre nossas casas. O barulho é tão grande que chega a trepidar o chão, as casas já estão com rachaduras e as telhas ficam afastando e temos que retelhar constantemente”, disse. 

Ele disse que o prejuízo maior está relacionado à saúde de sua mãe, uma idosa de 79 anos que sofre com doenças respiratórias. 

“Ela apresenta um pigarro constante e nunca fumou”, disse. “Temos uma lei municipal que nos assiste e entramos com documento junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente pedindo que faça a lei funcionar e eles responderam em documento que não poderiam medir a emissão de gases por falta de equipamento, e em relação ao barulho, nem sequer se pronunciaram”, afirmou mostrando o documento assinado por inspetores do meio ambiente. “Voltei à Secretaria Municipal e o superintendente solicitou que eu voltasse no próximo dia 25, pois eles teriam uma reunião com o Ministério Público. Me adiantei e disse que já tínhamos entrado com um abaixo-assinado junto ao MP e eles não se pronunciaram”, ressaltou.

Amarildo disse ainda que entrou com documento junto à Femarh (Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) no dia 7 deste mês e aguarda respostas. 

“Não queremos que desliguem a energia e prejudiquem os demais moradores de Boa Vista, mas que troquem o local de funcionamento dos motores geradores, o que é bem fácil, pois o local onde os referidos motores estão agora não é bom para a comunidade”, disse. 

MP – A Promotoria de Justiça do Meio Ambiente informou que instaurou procedimento para investigar os fatos relatados pelos moradores. “Foram realizadas reuniões no sentido de buscar minimizar o problema e a Promotoria estuda alternativas para resolução do caso, uma vez que a Usina hoje abastece 25% do município de Boa Vista, que corresponde a cerca 30 mil consumidores da Capital, e por isso, no momento, não pode ser desligada”.

RORAIMA ENERGIA – Já a assessoria de comunicação da Roraima Energia informou que opera a UTE Floresta continuamente em decorrência da interrupção total do suprimento energético vindo da Venezuela desde março/19. “O desligamento da usina neste momento ocasionaria racionamento imediato e contínuo em Roraima, atingindo entre 20 a 30 mil Unidades Consumidoras. A previsão de redução ou até parada de funcionamento da usina está prevista para Julho/21, quando entrar em operação os produtores de energia vencedores do leilão 001/2019 realizado este ano pela Aneel”, concluiu a nota. (R.R)