A transferência de 178 presas que estavam na Cadeia Pública Feminina, na zona rural, para o antigo Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no bairro Asa Branca, zona oeste de Boa Vista, motivou os moradores a denunciarem a falta de segurança na unidade.
O prédio para onde foram transferidas as detentas fica em uma área residencial, ao lado de uma escola estadual que possui centenas de alunos e próximo de várias casas, condomínios, praças e agências bancárias. Para os moradores do bairro, a transferência das presas trará mais insegurança.
Segundo eles, a unidade para onde foram transferidas as detentas não possui segurança alguma, tendo em vista que funcionava para abrigar presos do semiaberto. “Os portões da unidade ficam sempre abertos. As presas podem facilmente fugir, pois as cercas elétricas e concertinas não estão instaladas ao redor de todo o muro do prédio”, disse o morador Paulo Gonçalves.
Os moradores também denunciaram que não há vigilância nas guaritas da unidade e que há, inclusive, buracos nos muros, o que facilitaria uma possível tentativa de fuga na unidade.
Com a mudança, os presos que cumprem pena em regime aberto no antigo CPP passarão a pernoitar no prédio da Cadeia Pública Feminina. A transferência foi feita nas primeiras horas da manhã de quarta-feira, 26, e também foi alvo de críticas do Sindicato dos Agentes Penitenciários, que considerou a transferência um retrocesso. “Quando os albergados estavam aí, a gente já ficava preocupado. Agora ainda mais. Não sabemos quem é quem, qual crime cometeram. Sei que muitas delas têm ligação com facção criminosa. É um perigo constante, ainda mais para quem tem criança em casa, como eu”, reclamou a dona de casa Vitória Pinho.
Segundo a Secretaria Estadual de Justiça (Sejuc), 80% das internas da Cadeia Feminina respondem por tráfico de drogas, 15% estão presas por homicídio e o restante por outros crimes.
GOVERNO – Em nota, a Sejuc informou que cumpriu uma decisão judicial, proferida pela Vara de Execuções Penais de Roraima, para realizar a transferência das presas da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista (CPFBV).
Ressaltou que, na decisão o juiz entendeu que o novo prédio, localizado no bairro Asa Branca, é seguro para o processo de ressocialização das internas. “Além disso, a unidade passou por adequações estruturais para oferecer condições de cárcere para todos os regimes previstos na LEP (Lei de Execuções Penais)”, afirmou.
A Sejuc frisou ainda que a nova Cadeia Pública Feminina contém todos os equipamentos de segurança do antigo prédio, como detector de metais e câmeras de vigilância. A unidade conta ainda com concertinas e cerca elétrica em toda a muralha. “Não há registro de nenhum tipo de conflito na CPFBV há mais de um ano. A guarda externa foi reforçada com policiais militares e ronda constante dos agentes da Força Nacional de Segurança”, destacou. (L.G.C)