Cotidiano

Moradores registram mais de 100 ligações pedindo fim de poluição sonora 

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

Desde a abertura de uma conveniência localizada na avenida Minas Gerais, no Bairro dos Estados, moradores da região não conseguem mais ter uma noite tranquila de sono. A situação é ainda pior aos finais de semana, com a presença de carros com som alto. Quase oito anos depois, nada mudou. Os moradores continuam com reclamações junto aos órgãos fiscalizadores e centenas de protocolos na Central 156.

A primeira denúncia feita pelos moradores junto à Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente (SPMA) foi em dezembro de 2012. Dois meses depois, sem uma solução para o problema, uma nova reclamação foi feita junto ao órgão. “Já foram mais de 100 ligações para a Central da prefeitura, mas a única coisa que falam, desde sempre, é que a denúncia será passada para a fiscalização, e nada muda”, contou uma moradora.

Conforme os relatos de moradores que vivem desde a década de 90 no Bairro dos Estados e no Paraviana, houve um período em que a conveniência não era mais utilizada pela população, o que reduziu a poluição sonora. No entanto, com a volta dos paredões ao local, em 2016, as reclamações também retornaram. À época, alguns residentes se reuniram para registrar um Boletim de Ocorrência, mas também não houve solução.

Dois anos depois, em 2018, os moradores levaram a situação ao Ministério Público de Roraima (MPRR), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente. Três reclamações foram protocoladas junto ao órgão, sendo duas naquele ano e a última em outubro do ano passado. Os residentes, entretanto, nunca receberam retorno a respeito do caso.

Ainda em 2018, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente realizou uma reunião com representantes da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa) para discutir o caso. No final daquele ano, a Cipa realizou diligências no local, mas informou não ter encontrado nada. Entretanto, os moradores destacaram que os horários das fiscalizações não coincidiram com os horários passados nas denúncias.

Um morador do Paraviana, que chegou a ver duas das visitas, informou que os agentes se dirigiram muito cedo ao local. “O som alto acontece na madrugada. Muitas vezes a partir das 2h. Em uma das vezes que eu avistei os agentes, eram 21h. Claro que não vai ter ninguém”, lamentou. Conforme o relatório da Cipa, foi comprovado que as diligências foram feitas em uma sexta-feira, em um sábado e em uma terça-feira, entre 21h e 1h30.

Outro morador, do Bairro dos Estados, disse que se mudou para o bairro em razão da tranquilidade que sempre ouviu de outros residentes. No entanto, ele se diz cansado de buscar soluções e não encontrar. “Já conversei com minha esposa e estamos pensando em vender a casa. Nem com remédio ela consegue dormir. Não temos qualidade de sono com esses desocupados”, ressaltou.

Prefeitura diz que faz fiscalização toda semana na área

Sobre o caso, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente informou que a fiscalização ambiental possui plantão toda semana na área, inclusive com apreensões de som na conveniência citada. Informou ainda que a equipe faz rondas em diferentes bairros, tanto nas áreas residenciais como em praças e postos de combustíveis, e não é possível manter uma fiscalização fixa em apenas um ponto da cidade. Por fim, pontuou que a população pode denunciar por meio da Central de Atendimento 156 ou na própria Secretaria de Serviços Públicos e Meio Ambiente, localizada na rua Claudionor Freire, 571, no bairro Paraviana.

MPRR – A reportagem entrou em contato com o Ministério Público, a fim de saber se algum procedimento investigatório acerca do caso foi aberto, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.