Cotidiano

Morcegos são capturados para evitar casos de raiva em rebanho bovino

 Após a captura, o veterinário aplica a pasta Vampiricid no morcego

Para evitar casos de raiva no rebanho bovino localizado em terras indígenas do município de Pacaraima, a Aderr (Agência de Defesa Agropecuária, de Roraima) vai iniciar na próxima segunda-feira, dia 5, a captura de morcegos hematófogos que se alimentam do sangue bovino, podendo transmitir a doença para o rebanho. 

 Após a captura, o veterinário aplica a pasta Vampiricid no morcego.  A pasta possui uma substância de ação anticoagulante que após ingerida pelos morcegos hematófagos produz hemorragias internas e generalizadas levando-os à morte.

 O trabalho será feito na zona rural de Pacaraima, nas propriedades indígenas: Fazenda Pauré (comunidade Ingarumã), Sítio do Israel (Comunidade Sabiá), fazenda Santa Tereza (Associação dos Professores do Alto São Marcos) Sítio Silêncio (Comunidade Nova Jerusalém) e Fazenda Garapa.

 

Conforme explicou o fiscal agropecuário e médico veterinário, Marcondes Tavares a raiva é uma doença viral de alta letalidade, ela pode estar presente no ambiente urbano, rural e selvagem. “Quando o trabalho é feito no meio urbano e rural é possível fazer o controle da doença. Quando acontece nas fazendas é com a Aderr, onde a gente trabalha fazendo a contenção dos morcegos hematófagos”

 

Como Acontece a Ação

 A visita é agendada com o produtor rural para que ele prenda os animais durante três noites, a fim de que os morcegos se acostumem com os animais presos. O proprietário da fazenda faz a limpeza do curral e evita queima na região para que os fiscais possam fazer o serviço de captura.

 “Às 16 horas a gente coloca as redes para cercar o curral, no momento em que os morcegos vêm se alimentar com o sangue dos animais, eles descem por cima, mas ao saírem, vão por baixo e aí ficam presos nas redes, ” disse Tavares.

 Ao ficarem presos na armadilha, montada pelos fiscais, é a hora de recolher os morcegos e colocá-los nas gaiolas para aplicação da pasta vampiricid no dorso. Às 4h eles são soltos para voltarem para suas moradias. “Como é um animal que tem hábito de higiene, eles acabam se limpando uns nos outros. É nesse momento que eles têm contato com a pasta e acabam morrendo. Um único morcego pode eliminar outros 20”, explicou Tavares.

 O trabalho de captura só pode ser feito por órgãos autorizados pelo Ibama. Não é qualquer pessoa que pode adquirir uma rede e fazer a captura, pois existem outras espécies de morcegos que se alimentam de pólen, frutas, peixes e insetos. Estes morcegos quando ficam presos nas redes, são soltos imediatamente, pois eles exercem uma função importante no ambiente que estão inseridos.

 “Como o principal vetor é o morcego, transmitindo a doença para os cavalos, bois, porcos, ovelhas e cabras, o trabalho da Aderr é muito importante, porque consegue evitar que haja casos da doença em fazendas e que acabem chegando até o ser humano, ” destacou o presidente da Aderr, Kelton Lopes.