Mortes por Covid-19 entre jovens têm aumentado em Roraima

Desde o início da pandemia de Coronavírus sabe-se que o vírus afeta mais gravemente os idosos. Porém, os recentes casos de óbitos em Roraima estão ocorrendo entre jovens e adultos.

Em outubro do ano passado, na faixa etária de 20 a 49 anos, 103 pessoas morreram por covid. Até ontem, esse número estava em 253, de 1.341 mortos. Porém o número maior ainda está na população de 50 a 69 anos que, também ontem, ficou registrado 538 óbitos.

O infectologista Domingos Sávio explicou que esse aumento está relacionado ao não cumprimento das medidas restritivas. “A gente tem observado que desde o final do ano passado essa faixa etária [de 15 a 29 anos] tem aderido cada vez menos às medidas restritivas, distanciamento físico e isso contribui de uma maneira efetiva para a contaminação” ressaltou.

Conforme o médico, outro fator importante é presença da variante P1, originária da região amazônica, e que já está circulando no estado. A variante tem varga viral maior, é mais transmissível e considera mais grave, por isso os jovens têm facilitado a circulação do coronavírus.

“Se eu tenho uma carga viral maior, tenho mais chance de transmissão e alguns até consideram que possa ter mais gravidade. Isso faz com que esses pacientes mais jovens além de se tornarem vetores, ou seja, de transmitirem para outras pessoas, como idosos e pacientes com comorbidades, também sejam vítimas das complicações da doença”, disse Sávio.

O infectologista também explicou que jovens tem uma reserva funcional maior, o que fazem aguentar mais tempo a presença do vírus. Porém devido esse tempo, demoram a procurar atendimento hospitalar, quando chegam a unidade já estão em situação grave e por isso recomenda o atendimento precoce.

“Tem que avaliar o paciente precocemente e não recomenda que fique em casa, saturando mal com frequência respiratória alta. É importante a população saber que se tem uma saturação menor que 94, com uma frequência respiratória maior que 24, tem que ser atendido em uma unidade hospitalar”, alertou.

Além disso, ainda deve se usar máscaras, fazer o distanciamento social e usar álcool em gel. Se possível ficar em casa e seguir as demais medidas restritivas contra o coronavírus.

NO BRASIL – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chamou a atenção na última sexta-feira (26/3), para uma mudança no perfil dos infectados por coronavírus no Brasil. Segundo estudo do Observatório Covid-19, o número de casos, hospitalizações e mortes entre pessoas com menos de 60 anos tem sido maior do que em idosos.

Em comparação de dados da primeira semana epidemiológica de 2021 (3 a 9 de janeiro) com a 10ª semana (7 a 13 de março), a análise da Fiocruz aponta aumento no número de casos envolvendo pessoas entre 30 e 39 anos (526,08%), 40 e 49 anos (626%) e 50 e 59 anos (525,93%). Nos óbitos, o aumento nesses grupos foi de 353%, 419% e 317%, respectivamente.

VACINAS – O infectologista Domingos Sávio também explicou sobre as vacinas estarem ajudando a reduzir a gravidade dos casos em idosos.

“Foi possível observar uma redução de formas graves nessa população [de idosos]. A gente tem visto que quem vacinou não está desenvolvendo e aqueles que desenvolveram o vírus, não está de forma grave. Isso em quase 100% dos casos”, disse.

PESQUISA – Com pretensão de atualizar as percepções das juventudes sobre a crise pandêmica e trazer dados que ajudem a evitar sequelas graves para essa geração de jovens, foi lançada a pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus (Covid-19)”.

Jovens de 15 a 29 anos de todo o Brasil poderão participar da consulta, que vai até 5 de baril, por meio do questionário online disponível no link. Os participantes terão a oportunidade de relatar suas experiências e sentimentos em relação a saúde, bem-estar, educação, trabalho, vida pública e expectativas.

Também devem responder algumas informações sobre sua origem e perfil socioeconômico, mas não precisam se identificar. Com 70 perguntas, a pesquisa leva aproximadamente 30 minutos para ser completada, segundo o Conjuve.

A pesquisa foi promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), em parceria com a Fundação Roberto Marinho e outras entidades.