Cotidiano

Mortos no maior massacre da Pamc ainda continuam sendo enterrados

Todos os corpos já foram liberados para sepultamento, mas somente a família de dois presos não tem dinheiro para translado

Familiares ainda enterravam ontem os parentes brutalmente assassinados no massacre ocorrido no dia 06 na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc). Os mortos foram sepultados na quadra 2 do Cemitério Campo da Saudade, no bairro Centenário, zona Oeste da Capital.

A Folha acompanhou ontem pela manhã o sepultamento de Jaime da Conceição Pereira, um dos presos esquartejados durante o massacre. Walace Souza, servidor público, parente de Jaime, reclamou da falta de segurança dentro do presídio. “Como entram tanto celular e arma?”, questionava.

Jaime estava preso por tráfico de droga. Demais membros da família estavam nervosos e não quiseram gravar entrevista. Só informaram que não haviam recebido apoio algum do governo.

Na recepção do Instituto Médico Legal (IML), ontem pela manhã, parentes de dois presos mortos, com corpos já liberados, aguardavam ajuda financeira para fazer o translado para a Venezuela e o outro para Manaus (AM).

A dona de casa venezuelana Anniledy Yumir Carneiro, de 34 anos, esperava alguém ajudá-la no translado do corpo de seu irmão, o também venezuelano Elvis Rover, de 32 anos, preso em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, Norte do Estado, há dois anos por assalto. “O serviço funerário custa R$ 2 mil. Precisamos de ajuda para levar o corpo de meu irmão até Santa Elena, onde queremos enterrá-lo”, disse.

A também dona de casa Amanda Soares, de 32 anos, irmã de Adriano Soares, de 29, aguardava ajuda financeira para levar o corpo do irmão para sepultar em Manaus. “Estou de favor aqui, na casa de uma amiga, e não tenho como pagar pelo serviço funerário. O corpo já foi liberado, mas não tenho como resgatá-lo”, lamentou.

Durante a coletiva de ontem, o secretário de Estado da Justiça e Cidadania (Sejuc), Uziel Castro, orientou essas famílias a procurarem o serviço social da Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), que receberiam a devida assistência para realizarem o enterro. (AJ)

IML já liberou todos os corpos

Na tarde de ontem, a Secretaria de Comunicação Social do Governo de Roraima confirmou que os 33 mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo foram devidamente identificados e liberados para sepultamento (veja lista completa na página 12A).

Dos 33 corpos, até ontem pela manhã havia apenas dois no Instituto Médico Legal (IML): de um venezuelano e de um amazonense. O diretor do IML, Rodrigo Matoso, informou que os corpos já haviam sido identificados, mas aguardavam a documentação necessária para a liberação.
 (AJ)