Técnicos da Superintendência Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Roraima capturaram um mosquito macho da mosca da carambola. O achado ocorreu na semana passada na Vila de Martins Pereira, Município de Rorainópolis, Sul do Estado, que está em quarentena com técnicos do Mapa em busca de outros mosquitos. Até então só havia registros da praga em municípios da região Norte do Estado.
Segundo informou o superintendente substituto em Roraima, Luiz Claudio Santos Estrela, a captura foi feita através de uma rede de 15 armadilhas espalhadas na região, com feromônios sintéticos, para atrair o inseto. “Existem 2.500 armadilhas espalhadas em todo Estado para monitoramento e tivemos a captura de um macho em Martins Pereira. Deslocamos uma equipe para o local onde está sendo feito o combate com inseticida, além de colocar mais armadilhas no local e nos arredores na tentativa de capturar mais insetos, o que não aconteceu até o momento”, frisou ontem.
Ele explicou que a equipe permanece no local de 30 a 40 dias monitorando pelo menos 70 novas armadilhas diferentes para captura de machos e de fêmeas. “Por enquanto essa captura é um caso isolado, mas vamos confirmar isso depois de passar a quarentena”, disse. “Caso fosse capturado um exemplar fêmea, aí poderia aflorar um novo foco, mas estamos observando e já preparamos o ambiente para o combate preventivo com iscas e inseticida nas árvores. Os insetos atraídos, ao posarem nelas, se contaminam e morrem”, frisou.
Estrela não acredita que um exemplar da mosca da carambola possa ter vindo voando direto da Guina para Rorainópolis, como chegou a comentar a diretora de Defesa Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Marta Mota Henchen (veja reportagem abaixo). Ele acredita que a mosca capturada deve ter chegado a Martins Pereira através de algum fruto hospedeiro da praga, que pode ser transmitida pela carambola, manga, goiaba, amendoeira, tangerina, maçaranduba, laranja, taperebá, jaca, abiu, jambo, caju, entre outros.
“Existe um trânsito significativo de pessoas que vão de Pacaraima para a região Sul. E pode ter acontecido de alguém ter levado um fruto contaminado com um mosquito macho. Não acredito que esse inseto tenha vindo da fronteira com a Guina até Rorainópolis. É muito longe”, frisou.
PREJUÍZO – O superintendente substituto Luiz Cláudio Santos Estrela destacou a ação de combate à mosca da carambola, diante dos prejuízos que a presença da praga pode provocar. “A região Sul do Estado é onde está concentrada a maior parte da agricultura de Roraima, com plantação de cítricos. E a presença dessa praga inibe a exportação para o Amazonas e isso vai levar prejuízo imenso ao agricultor de Roraima e para o Estado”, disse.
Ele compara ao prejuízo que os produtores de manga de Boa Vista estão tendo por não poderem exportar o fruto para o Amazonas. “Existe uma instrução normativa que proíbe a saída de qualquer fruto hospedeiro da mosca da carambola do Estado”, disse.
PRAGA – A mosca da carambola, a Bactrocera carambolae, é originária da Indonésia, Malásia e Tailândia. Em 1996 foi registrada pela primeira vez no Brasil e entrou em Roraima no fim do ano de 2010, gerando grandes prejuízos a produtores de frutas que eram comercializadas para fora do Estado, como é o caso da manga.
O inseto contamina frutos e plantas como carambola, manga, goiaba, amendoeira, tangerina, maçaranduba, laranja, taperebá, jaca, abiu, jambo, caju, entre outros, sendo que os insetos adultos colocam os ovos nos frutos e as larvas penetram no fruto e alimentam-se do interior, podendo destruí-lo completamente. Essa é considerada uma das piores pragas que podem existir dentro da fruticultura. Uma mosca, depois de fertilizada, coloca em média de 1.200 a 1.500 ovos durante a sua vida, que dura cerca de 126 dias. (RR)
Aderr vai se reunir com os técnicos do Mapa para definir estratégia de defesa
A diretora de Defesa Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Marta Mota Henchen, disse que foi informada pela Superintendência Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre a presença da mosca da carambola no Município de Rorainópolis. Esta semana será feita uma reunião com os técnicos do Mapa para montar estratégias de combate e controle da praga.
Embora tenha destacado que se trata de um mosquito macho, o que não traz muita preocupação, mas existe a necessidade de adotar medidas para o combate e a proliferação da praga na região Sul do Estado. Ela lembrou que cabe a Aderr apenas as barreiras de fiscalização, cabendo ao Mapa o monitoramento e controle da praga.
Conforme a diretora, a Aderr mantém três barreiras implantadas fixas em Bonfim, Surumu (Uiramutã) e no Jundiá (Rorainópolis), que atuam com aproximadamente 25 técnicos no monitoramento e fiscalização, trabalhando das 6h às 18h.
Marta Mota acredita que a mosca encontrada na Vila Martins Pereira, em Rorainópolis, pode ter sido levado por alguém em um fruto hospedeiro ou que seja originária da Guiana, país que não tem um controle da praga e possui uma extensa fronteira com Roraima.
“Pode ter sido levado por alguém que escondeu um fruto que serve de hospedeiro da mosca da carambola e levou para aquele local. Ou veio da Guiana, que não tem controle e nem monitoramento sobre a praga da mosca da carambola. Se antes o foco era na região Norte de Roraima, mas é só observarmos no mapa que a Guiana faz fronteira até com Caroebe. Então é de se acreditar que o problema não seja nas barreiras, mas em toda a fronteira da Guina com Roraima. Não tem como colocar barreira em toda a fronteira”, frisou. (R.R)
Cotidiano
Mosca da carambola é encontrada na Vila Martins Pereira, no Sul do Estado
Armadilha montada na vila em Rorainópolis, Sul do Estado, capturou um mosquito macho da praga que devasta frutos