Mesmo em meio à lama que atola carros, caminhões e ônibus em 405 dos 885km da BR-319, o motociclista Luiz Carlos Melo Cordeiro, de 28 anos, resolveu sair, sozinho, de Porto Velho, capital de Rondônia, rumo a Uiramutã, no extremo Norte de Roraima.
Uma das piores do Brasil, a rodovia federal que liga Manaus a Porto Velho era apenas a primeira etapa dos quase dois mil quilômetros a serem percorridos por ele.
A entrevista com o assistente administrativo Luiz Carlos, em sua primeira viagem para Uiramutã, foi no conhecido “Trecho do Meio”, com 405km de percurso sem asfalto há mais de 30 anos, o que torna o caminho praticamente intrafegável dentro do Amazonas, no meio da floresta amazônica.
Trinta, aliás, é a quantidade de quilômetros por hora que os veículos conseguem passar pelo trecho. “Não esperava encontrar essa estrada assim, mas tá ruim demais”, avaliou ele, que integra um motoclube.
O Trecho do Meio fica pior entre dezembro e maio, quando chove. “Não cheguei a atolar pelo caminho. Mas tem cada barranco com risco de atolar a moto”, completou ele, que tirou férias de dez dias para embarcar na aventura.
“Já viajei uma vez pra Manaus, mas de barco. E outra vez fui de ônibus, mas no verão amazônico”, disse, em referência ao período seco, de junho a dezembro, quando veículos conseguem trafegar por mais de 60 quilômetros por hora.