Os motociclistas lideram as estatísticas de óbitos no trânsito de Roraima. Segundo dados do Instituto de Medicina Legal (IML), de janeiro a abril de 2017, 35 pessoas morreram em decorrência de acidentes envolvendo motocicletas. Apesar de alarmante, houve redução de 34% no número de mortes em relação ao mesmo período do ano passado, quando 53 motoristas perderam a vida em veículos de duas rodas.
Conforme o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RR), só em janeiro deste ano mais de 200 motociclistas se envolveram em acidentes de trânsito no Estado. No mesmo período do ano passado, foram 251 vítimas de acidentes, uma redução de 19,5%.
O alto índice de acidentes envolvendo motociclistas pode ser associado ao tamanho da frota em Roraima. Dos 177 mil veículos registrados, 50% são motocicletas, o que representa aproximadamente 88 mil unidades. O Estado encabeça as principais listas de mortes no trânsito no que se refere a motociclistas, aparecendo em segundo lugar no ranking de mortos por acidentes com motocicletas, segundo dados do Ministério da Saúde de 2016. A taxa é de 17,6 mortes a cada 100 mil habitantes. Perde apenas para o Piauí, que lidera a lista, com 21 óbitos a cada 100 mil pessoas.
Para o chefe de fiscalização do Detran, Vilmar Florêncio, os altos índices de acidentes envolvendo motociclistas estão diretamente relacionados às facilidades na obtenção do veículo. “É o meio de transporte mais popular e de mais fácil acesso. Temos visto facilidade grande em financiar motocicleta e temos constatado que boa parte das pessoas que compram não possui carteira de habilitação”, disse.
A falta de conhecimentos das regras de trânsito e normas de circulação, segundo Florêncio, é o maior problema constatado pelo órgão. “Essa falta de conhecimento acaba ocasionando as infrações e acidentes. Se um motorista desrespeita as regras, as chances de acidente são grandes. Temos constatado que o número de motociclistas sem CNH é grande”, frisou.
Para tentar barrar os infratores e diminuir ainda mais os altos índices de mortes e acidentes, o órgão realiza, pelo menos, três blitzen diárias em pontos estratégicos da Capital. “Postamos as equipes na via e fiscalizamos os veículos que passam. Além disso, fazemos as blitzen volantes, em que os agentes fazem rondas em viaturas e, ao se deparar com infração ou suspeitar de irregularidades, fazem as abordagens”, destacou.
Outra medida para tentar frear o ímpeto dos motociclistas no trânsito, segundo ele, é a realização de campanhas educativas. “Fazemos palestras em escolas e instituições privadas para levarmos as regras de trânsito e importância de educação às pessoas”, ressaltou. (L.G.C)
Só em 2016, Estado gastou mais de R$ 2.3 milhões com vítimas de trânsito em hospitais
No Pronto Socorro Francisco Elesbão, do Hospital Geral de Roraima (HGR), os acidentes de trânsito representam mais de 90% das internações e os motociclistas são as vítimas mais frequentes.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), de janeiro a maio de 2017, das 3.549 pessoas que deram entrada nos hospitais de Roraima vítimas de acidentes no trânsito, 2.329 se acidentaram em decorrência de motocicletas, o que corresponde a 65%. No mesmo período do ano passado, dos 4.299 pacientes atendidos em decorrência de acidentes de trânsito nas unidades de saúde do Estado, 2.447 foram vítimas de acidentes de moto.
O custo para os cofres públicos com a imprudência no trânsito é alto. Conforme a Sesau, no ano de 2016, os gastos com procedimentos de pessoas acidentadas que deram entrada no trauma do HGR custaram aproximadamente R$ 2.3 milhões. O cálculo é apenas uma estimativa do que é gasto, visto que não estão contabilizados os custos com materiais, medicamentos e recursos humanos, por exemplo, que também somam um montante expressivo.
O tempo de permanência do paciente que dá entrada na Unidade por acidente de trânsito tende a ser maior diante dos demais, dependendo da complexidade do trauma, que pode variar de três a 20 dias de internação. Porém, há pacientes que apresentam outras complicações e isso pode prolongar o tempo de internação e, consequentemente, ocupação nos leitos.
Pacientes politraumatizados, que dão entrada com mais de uma complicação, podem ficar internados por até três meses, dependendo da complexidade para estabilização de cada trauma. Estes casos necessitam de atenção multiespecializada, demandando maior tempo de internação e, consequentemente, de custos. (L.G.C)
Motociclistas resistem ao uso de equipamentos de proteção
Uma pesquisa encomendada pela empresa Laquila, importadora e distribuidora de peças e acessórios para motos, mostra que itens de segurança ajudam na redução do risco de morte em 40% e de ferimentos graves em mais de 70%. O estudo, feito pelo Data Sonda Pesquisas, detectou que os entrevistados sempre utilizam capacete, como a lei exige. O mesmo não acontece com outros itens. Apenas 31,9% faz uso contínuo de jaquetas, e 22,7% nunca veste essa peça e tampouco utiliza calça (53,6%), bota (43,5%) ou luva (33,7%).
É o caso do pedreiro Antônio Sobrinho, que mesmo após 20 anos pilotando motocicletas e com várias fraturas pelo corpo, jamais investiu em equipamentos de segurança para se prevenir. “Além do capacete, não uso nenhum tipo de equipamento de proteção para andar de moto. Não tem como usar aqui, é extremamente desconfortável, fora que é um custo muito caro. Já sofri alguns acidentes, inclusive com fraturas e até reconheço a importância do uso dos equipamentos, mas não tem como usar aqui”, disse.
Em lojas especializadas em vendas de equipamentos de segurança, a realidade é a mesma. Segundo o vendedor Venâncio Junior, a procura é baixa. “É muito difícil o motociclista do dia a dia andar com jaqueta ou calça de proteção. Às vezes, alguns ainda compram luvas, mas são casos raros. Os que mais investem nesse tipo de equipamento são os motociclistas com motos de altas cilindradas”, afirmou. (L.G.C)