Cotidiano

Motoristas de transporte escolar param

Sem pagamento de salários, profissionais responsáveis por transportar alunos cruzaram os braços na comunidade do Roxinho

Alunos da rede pública estadual de ensino do interior do Estado, na Comunidade do Roxinho, no Município de Iracema, região Centro-Sul, estão sem transporte escolar desde o início do mês. Os pais dos alunos denunciaram que os motoristas decidiram entrar em greve para cobrar os salários atrasados, por isso eles precisaram transferir seus filhos para outra localidade ou para a Capital.

O ano letivo em algumas escolas iniciou no mês de abril e, sem condução, as famílias acreditam que os alunos serão mais prejudicados do que já foram. Um professor da comunidade relatou que, além da greve dos motoristas, a escola está sem aulas em decorrência da falta de combustível para abastecimento dos ônibus do transporte escolar.

Com a demora para iniciar as aulas em diversas escolas do interior do Estado, especialmente nas vilas, os alunos não terão direito a férias. Para encerrar o ano letivo em conformidade com o calendário, terão que estudar em feriados e finais de semana programados. Sem opção, os pais remanejaram os alunos para as sedes dos municípios ou para a Capital para que o rendimento escolar não seja comprometido.

Porém, algumas famílias não têm condições financeiras de manter os filhos em outras localidades. “Eu fico muito triste porque a minha responsabilidade é alimentar meu filho, comprar a farda e participar de reuniões na escola. Minha parte eu faço, gostaria que o governo se organizasse e contratasse empresas responsáveis, preocupadas com a realidade de cada comunidade. Isso é responsabilidade social e, se a empresa não tem, o Estado precisa ter”, contestou um dos pais.

Com a temporada de chuvas, o transporte dos alunos também passou a ser um desafio, principalmente com as pontes comprometidas ou trechos onde os estudantes precisam caminhar sob madeiras improvisadas até atravessar os igarapés da região, como na Vicinal Tronco do Roxinho, local de difícil acesso e de riscos de acidentes.

“As pessoas não estão preocupadas com nossa reclamação, parece que não percebem nossas dificuldades. Todos os anos é a mesma história. Os meninos precisam caminhar embaixo de chuva sob pedaços de pau, atravessando igarapés. Tudo isso é um perigo e as autoridades estão brincando de governar, brincando com a educação dos nossos filhos”, desabafou.

Alguns pais detalharam que os motoristas não se manifestam para falar nada porque dependem do emprego para sustentar suas famílias. Todavia, não suportaram a condição de trabalhar sem pagamento, uma vez que é a única fonte de renda para muitos. “Eu não culpo os motoristas, pois são apenas funcionários. Eles também precisam comer e sustentar seus filhos. Os que não têm outro meio de ganhar dinheiro passam por necessidades”, frisou outro pai.

GOVERNO – O Governo do Estado informou que na semana passada foi feito o pagamento das empresas que trabalham com o transporte escolar do interior e que até o momento não foi informado de nenhuma situação de atraso nos pagamentos em relação aos serviços.

Em relação à migração de estudantes para outras escolas, técnicos da Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) estão fazendo o Censo Escolar e não detectaram nenhuma mudança de grande relevância em relação a transferências do interior para a Capital, conforme o governo. (J.B)