Cotidiano

Motoristas dizem que ciclovias dificultam trânsito na cidade

Dentre as principais críticas apontadas estão má implantação em algumas das avenidas, presença de blocos que geram insegurança e falta de orientação para ciclistas e motoristas

O trânsito em Boa Vista é um dos mais perigosos da região e as críticas dos motoristas em relação à estrutura de ciclovias, implantadas na cidade, são constantes.

O motorista de aplicativo Rafael Batista disse que o problema começa na falta de ciclistas nas ciclovias. “É difícil ver um ciclista na ciclovia. Vemos uma ou outra pessoa usando a bicicleta como meio de ir pro trabalho”, criticou.

Rafael frisou que apesar disso, ele entende o porquê de muitos evitarem a ciclovia. Ele conta que um sentimento de insegurança com os blocos amarelos que delimitam o espaço na ciclovia é comum tanto para quem dirige quanto para quem anda de bicicleta.

“Eu mesmo sempre evito ficar em uma via que seja ao lado dos blocos. Sei que em um deslize eu posso destruir a roda nele. Quando ando de bicicleta na Ville Roy, tenho medo de ir pela ciclovia, pois é uma avenida sempre agitada. Já teve uma situação de um carro me cortar em um contorno e acabei batendo no veículo, pois preferi colidir nele do quê arriscar virar para a direção dos blocos, que poderia gerar um prejuízo muito pior”, explicou.

O taxista há 15 anos, Ricardo Silva, destacou que a implantação das ciclovias se tornou um problema para o fluxo de carros em avenidas mais estreitas da cidade, e que o ideal seria optar pela colocação delas em ruas paralelas às principais avenidas da Capital.

“Na avenida Princesa Isabel, a implantação da ciclovia piorou ainda mais os problemas de fluxo de veículos. Já me deparei com engarrafamento ocorrer por causa de ônibus que para nas paradas. Eu vejo a ciclovia com erros estruturais, assim como alguns dos locais escolhidos, mostram uma falta de organização. Então eu aconselho um melhor estudo delas, para reparos”, frisou.

Já a secretária executiva, Mayara Aragão, afirmou que as ciclovias de algumas avenidas afetaram negativamente o trânsito devido à presença de muitos pontos de cruzamentos entre os dois meios de transporte. Além disso, foram reforçadas as críticas a ciclistas que não olham para os dois lados.

“Para mim, as ciclovias da Ville Roy e Glaycon de Paiva deveriam ser iguais a da avenida Júlio Bezerra, pois lá o tráfego quase não foi alterado. Quanto à utilização, acho que se deveria ter uma fiscalização melhor. Em todo cruzamento, o ciclista deve parar para olhar a rua antes de prosseguir, mas na prática eles não param, do jeito que eles vêm na pista eles querem atravessar. Eu já escapei de pegar ciclistas por várias vezes e por muito pouco, pois o ponto cego do carro não ajuda. E minha sorte é que o freio é bem eficaz”, comentou.

De acordo com o engenheiro civil do Conselho Regional Engenharia e Agronomia de Roraima (Crea-RR), Marcus Duarte, os problemas mencionados poderiam ter sido evitados se houvesse uma campanha educativa para ciclovias contínua, orientando tanto ciclistas quanto pedestres, para não utilizarem a ciclovia como faixa, e motoristas, para entenderem os direitos de quem a usa.

“Acredito que o que faltou foi uma medida contínua de educação no trânsito. Eu critico a Prefeitura pela falta de orientação, mas admiro a atitude de implantar as ciclovias em Boa Vista. Deixar de orientar a população de forma ampla, sem ser somente ações pontuais, faz com que motoristas e ciclistas fiquem confusos. Daí resulta neste caos que temos, e na reclamação de muitos”, explicou.

Marcus comentou que o trânsito só funciona com o respeito mútuo entre todos os condutores de transportes e pedestres. Para isso, ele afirma que todos precisam se conscientizar quanto aos direitos do próximo.

PREFEITURA – A reportagem da Folha entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista perguntando por medidas educativas em ciclovias, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.