Empresários e motoristas de transporte escolar fizeram uma carreata na manhã de ontem, 9, com o objetivo de chamar a atenção de órgãos fiscalizadores para a situação em que eles se encontram pelo menos desde 2018. Quase 60 empresas não foram pagas, sendo que metade delas não recebe há um ano e a outra está cobrando pagamentos atrasados há sete meses.
Guiados por um carro de som, os manifestantes dirigiam cobranças diretas ao governador Antonio Denarium (PSL).
De acordo com o presidente da Cooperativa de Transportes Escolares, Márcio André, havia entre 150 e 200 ônibus, caminhonetes e vans durante o protesto. Os manifestantes passaram em frente ao Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas do Estado e por fim pararam no Centro Cívico, onde outros quase 200 veículos já estão estacionados desde fevereiro.
“Na realidade, ainda não colocamos todos os nossos veículos aqui na praça porque não temos espaço, mas no dia 11 [quinta-feira] faremos uma manifestação mais ‘pesada’ do que essa, com mais veículos, mais motoristas, com mais barulho”, contou o presidente da cooperativa.
Ainda segundo André, as dívidas do governo com as 60 empresas se aproximam de R$ 16 milhões.
“Estamos em um momento difícil sem o pagamento do transporte escolar, sem trabalho e com isto todo mundo está sendo prejudicado, principalmente, as crianças do Estado”, declarou.
André relatou que cinco veículos que estavam estacionados na praça já foram tomados por oficiais de Justiça devido à falta de pagamento de parcelas e lamentou por não ter conseguido nenhum tipo de acordo com Denarium.
“Seria hipocrisia minha dizer que ele chamou a gente [para conversar], mas queríamos muito que ele nos chamasse até porque tínhamos uma amizade muito boa antes da campanha, havia muitas promessas, foi dito que ele iria nos recontratar no início do ano e até o meio do ano ficaríamos seguros com nossos trabalhos”, afirmou.
Sobre o início das aulas nesta terça-feira em 11 municípios, Márcio André se mostrou duvidoso quanto à veracidade da informação.
“Acredito que é outra mentira do alto escalão do governo porque não tem como as crianças voltarem às aulas sem transporte escolar. Não tem nada a ver, a secretária ‘soltou esta matéria’ aí que as aulas se iniciariam hoje [ontem, 9] em alguns municípios do Estado, mas é muito difícil, não tem como, porque 90% das crianças do interior dependem do transporte escolar”, assegurou.
O OUTRO LADO – A Secretaria de Educação e Desportos (Seed) informou por nota que as aulas se iniciaram ontem, 9, para 10 mil estudantes de 21 escolas em 11 municípios onde a grande maioria dos estudantes não necessita de transporte escolar para chegar à instituição de ensino.
A secretaria destacou ainda que para as demais escolas que não iniciaram as aulas nesta terça-feira, será reelaborado um calendário escolar diferenciado contemplando 200 dias letivos e 800 horas conforme determina a legislação vigente.
E informou mais uma vez que, em dezembro de 2018, a Polícia Federal realizou na Seed a Operação Zaragata a qual apontou várias irregularidades na aplicação de recursos públicos referentes a processos de contratação de serviço de transporte escolar.
“Desta forma, nenhum pagamento poderá ser efetuado às empresas de transporte escolar enquanto não forem concluídas as investigações da Polícia Federal”, encerra a nota.
Cotidiano