Cotidiano

Mototaxistas pedem justiça após morte de colega de profissão

Parte da classe interrompeu o expediente para fazer um buzinaço como gesto de apoio à família de Neves e de revolta com a situação. Depois, seguiu em motociata ao Ministério Público do Estado de Roraima para cobrar providências sobre o caso

Dezenas de mototaxistas fizeram uma manifestação na manhã desta terça-feira (29), na Praça do Centro Cívico, para cobrar justiça pela morte do colega de profissão Everton dos Santos Neves, de 22 anos, durante acidente com uma caminhonete Fiat Toro ocorrido na última sexta-feira (25).

Os mototaxistas interromperam o expediente para fazer um buzinaço como gesto de apoio à família de Neves e de revolta com a situação. Depois, eles seguiram em motociata para o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) para cobrar providências sobre o caso.


Mototaxistas tomam a avenida Nossa Senhora da Consolata a caminho do Ministério Público de Roraima (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Familiares também foram ao órgão, a exemplo da esposa, que chegou chorando, carregando no ombro a única filha do casal. A avó de Everton, Mirian Batista das Neves, lamentou que o neto deixou três filhos – sendo dois de um relacionamento anterior – e endossou o pedido por justiça. “É uma dor muito doída que a gente está passando com essa morte. Ele era muito querido pela nossa família. Uma pessoa trabalhadora, que só trabalhava pra família”, lembrou.


Esposa de Everton levou a filha do casal ao MPRR nesta terça-feira (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A assessoria do MPRR informou à Folha que uma comissão formada por três pessoas da classe deve ser recebida pelo ainda nesta terça-feira. De antemão, informou também que, geralmente, o órgão ministerial aguarda a conclusão do inquérito policial para seguir com a investigação.


Colegas de profissão foram para a sede do MPRR (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Colegas de profissão se revoltaram, porque o motorista envolvido no acidente, que confessou ter ingerido bebida alcoólica em comemoração à vitória do Brasil em estreia na Copa do Mundo, teria pago fiança e sido liberado em seguida. Na ocasião, ele foi levado para o 5º DP (Distrito Policial) sem ser algemado, porque colaborou com a Polícia Militar. A classe reclama que, enquanto isso, a mulher e a filha de Everton estão sem a única renda da família.

“O cara que matou ele no acidente tá tranquilo, pagou a fiança e tá livre. E hoje sua esposa e filha recém-nascida estão desamparadas e o nosso parceiro de farda, que levava o pão de cada dia pra família, não está mais aqui conosco”, disse o mototaxista Regivaldo Bezerra Rocha, conhecido como Papagaio.

O mototaxista Antonio Carlos Oliveira, por sua vez, disse que o motorista da caminhonete envolvido na morte “não pode ficar impune”. “O que causa indignação é a maneira que foi tratada a situação, com descaso, porque a pessoa cometeu o crime de homicídio, que não tem fiança, e foi solta. Praticamente, foi detido e não algemado. Isso revolta a nossa classe”, criticou. “Quem vai sustentar essa família, quem vai sustentar essa casa?”.

“Se fosse um de nós da classe cometido esse delito – crime, porque pra mim é um crime -, a gente já estava atrás das grades sem direito de nada”, disse o mototaxista Alan Lima.

Avó de Everton cobra justiça