FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
O movimento de mulheres e esposas de policiais e bombeiros de Roraima realizou mais um ato para cobrar os salários atrasados dos militares. Desta vez o grupo de mulheres optou por impedir a saída de veículos do 2º batalhão da PM. O protesto foi pacífico. O grupo chegou ao local às 5h30 e não havia previsão para que o ato acabasse.
“Aqui não é um apoio só à PM, do pessoal da força tática não. O pessoal dos bombeiros também está aqui, estamos aqui por eles, brigando pelos direitos deles porque todo mundo tem conta para pagar, todo mundo tem as suas obrigações dentro de casa, principalmente com crianças, outros moram de aluguel. É uma dificuldade que estamos passando e é um direito deles”, relatou Rubiana Marques, esposa de policial militar.
O grupo de mulheres está acampado em frente ao Palácio Senador Hélio Campos há trinta dias e este foi o terceiro ato realizado pelo grupo nesta semana. Na segunda-feira, 26, fecharam a BR-174 e na terça-feira, 27, protestaram durante sessão na Assembleia Legislativa (ALE).
Todos os atos foram pacíficos, mas na terça-feira o movimento, mais uma vez, foi ignorado pelos parlamentares na ALE-RR. A sessão foi encerrada sem que nenhuma integrante do grupo fosse atendida.
“Chegamos lá, por volta de 10h, a sessão já tinha começado e quando chegamos na assembleia, praticamente acabaram, foram para a sala VIP dizendo que iriam fazer uma votação. Nós batemos palmas chamando eles para voltarem para a sessão, pois estávamos lá e era uma falta de respeito”, disse Cris, esposa de um PM.
A maior parte das esposas de militares tem contado com doações feitas pela população, mas quanto mais o atraso de salários se prolonga, mas as doações diminuem porque os atrasos provocam agravo na crise do Estado.
Por meio de nota, a assessoria do governo respondeu que o pagamento relativo ao mês de outubro dos salários de todos os servidores, inclusive os da administração indireta, depende de desbloqueios das contas do governo. A maior dificuldade em honrar esse compromisso é gerada por bloqueios judiciais e a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) tem feito reiteradas ações para solucionar o problema.
E disse ainda que o governo aguarda o desbloqueio, para realizar o pagamento dos salários do funcionalismo. Informa ainda que na medida em que houver disponibilidade orçamentária, os fornecedores deverão ser pagos.
Movimento de mulheres se reúne com governadora
Segundo manifestante, governadora teria voltado a mencionar solução do problema por meio de recursos do Iper (Foto: Divulgação)
O movimento de mulheres de militares foi convidado para se reunir com a governadora também na manhã dessa quarta-feira, 28, e quatro mulheres se dirigiram ao encontro. Durante a reunião a governadora teria apresentado duas propostas para que o pagamento dos salários atrasados fosse realizado, mas não houve acordo.
De acordo com Amanda Teixeira, esposa de PM, a governadora tornou a falar dos recursos do Iper como uma solução e também falou de negociar com o governo federal sobre os recursos que têm sido gastos com os imigrantes venezuelanos.
“O que tivemos lá foi uma conversa, não afirmamos nada. Não era para fazer acordo nenhum, e ela só explicou para a gente. Agora não tem o que ser feito, não temos previsão de pagamento, nossos atos continuam”, explicou Teixeira.
Entramos em contato com a assessoria de comunicação do governo a fim de confirmar os assuntos tratados na reunião, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta.