Cotidiano

Movimento questiona falta de informações sobre mortes de garimpeiros

O clima na Terra Yanomami tem sido tenso nos últimos dias, após o assassinato do agente de saúde Ilson Xirixana, 12 garimpeiros foram mortos

A Operação Libertação teve início no dia 10 de fevereiro, com o objetivo de retirar garimpeiros e inutilizar maquinários nas áreas exploradas para garimpagem ilegal. De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), aproximadamente 200 policiais formam o contingente que atua na operação.

O clima na Terra Yanomami tem sido tenso nos últimos dias, após o assassinato do agente de saúde Ilson Xirixana, 12 garimpeiros foram mortos. Quatro deles em confronto com a Polícia Rodoviária Federal, e outros oito foram encontrados mortos próximo da comunidade Uxiú, onde 3 indígenas foram baleados no último final de semana.

Para o coordenador político do Movimento Garimpo é Legal, Jailson Mesquita, as circunstâncias das mortes ainda precisam ser esclarecidas. “Até hoje não temos a informação de como essas pessoas morreram. Recebemos a informação que entre eles está uma mulher e que ela foi atingida com tiro de fuzil”, disse Mesquita.

O coordenador diz ainda que teme que novas mortes aconteçam nos próximos dias. “O clima ainda é muito tenso na região, se nenhuma medida para a retirada pacífica dessas pessoas seja feita, poderemos assistir a mais uma tragédia como essa”, mencionou.


Jailson Mesquita afirma que teria sido feito um acordo com a PF de que pontos de resgates seriam montados na Terra Yanomami para a retirada dos garimpeiros de forma pacífica. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Na quarta-feira, 3, um grupo de garimpeiros realizou uma manifestação em frente a Superintendência da Polícia Federal em Roraima, e segundo Jailson Mesquita, teria sido feito um acordo com a PF de que pontos de resgates seriam montados na Terra Yanomami para a retirada dos garimpeiros de forma pacífica.

“Eles não têm como sair de outra forma, dependemos do bom senso das autoridades, pois são vidas humanas”, acrescentou.

A reportagem entrou em contato com a PF para obter mais detalhes sobre esse acordo e sobre a identificação das vítimas, e também sobre as circunstâncias das mortes, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.

Ainda de acordo com o líder garimpeiro, cerca de mil pessoas ainda se encontram na região de garimpo na Terra Yanomami.

Jailson acredita que nesta operação também deveriam participar equipes do Exército Brasileiro, devido ao preparo para missões dentro da floresta.

Questionado sobre a ausência do Exército na Operação, o MJSP informou que o contingente a ser disponibilizado obedece ao planejamento definido pela Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública, conforme demandas do órgão apoiado, no caso, a Polícia Federal.

“O quantitativo é dinâmico e vem sendo readequado conforme necessidade da missão e agenda de ações programadas e coordenadas pela PF no âmbito da Operação Libertação. Atualmente, todo o efetivo da Força Nacional em Roraima segue operando em várias localidades do Território Indígena Yanomami, em apoio à PF e ao Ibama nas incursões”, acrescentou a nota.