O Ministério Público de Roraima (MPRR) abriu procedimento preparatório para apurar a situação do Teatro Carlos Gomes. Em março de 2008, quando completava 12 anos sem receber manutenção, o espaço foi fechado para reforma. A realidade é que mais de uma década se passou e a obra nunca aconteceu: foi abandonada.
Conforme a portaria assinada pelo promotor João Xavier Paixão, da 1ª Titularidade da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Boa Vista/RR, o órgão de controle pretende adotar medidas para preservar o imóvel integrante do patrimônio estadual. À reportagem, o MPRR explicou que a investigação começou após um cidadão apresentar a denúncia. “A Promotoria já diligenciou a obtenção de esclarecimentos junto à Secretaria de Estado da Cultura e, ao fim do procedimento apuratório, tomará as medidas cabíveis”, disse.
Fato é que, atualmente, nem a placa na fachada do prédio, tampouco o teto da parte interna, restaram. Há mato na parte externa. Por dentro, não há mais cadeiras e iluminadores. O palco está totalmente danificado e as paredes são parcialmente tomadas pelo cupim. A sujeira está por todos os lados.
“Agora não tem mais absolutamente nada”, lamentou o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Sabá Moura. “Um espaço menor, mas aconchegante, que poderia estar sendo muito utilizado, especialmente por escolas, por aqueles festivais de teatro que se faziam e hoje a gente fica impedido de assistir. É triste você ver a situação que está”.
O que diz a Seinf
À Folha, a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf) disse que o processo licitatório para reformar o teatro está em andamento e a obra possui orçamento de R$ 2.212.688,09, sendo R$ 1.940.000,00 de emenda da ex-deputada federal Sheridan Ramos, com o restante de contrapartida do Governo de Roraima.
Segundo a pasta, a reforma geral do espaço contempla cobertura, as partes elétrica, hidráulica e sanitária, além de adequação de acessibilidade, acústica e obras de urbanismo. A Seinf prometeu divulgar os prazos para a obra quando finalizar a licitação.
Breve história do teatro
O teatro surgiu em uma pequena sala do então Grupo Escolar Lobo D´Almada, com apenas 19 lugares. Em 1958, sob a direção de Jacobed Cavalcante, o local abriu espaço para a instalação da Rádio Roraima, que tinha como funcionário José Maria Barbosa.
Só em 1962, no governo de Clovis Nova e direção de Áureo Cruz, o teatro passou por uma grande reforma, quando passou a ter 250 lugares, palco ampliado, área administrativa e estúdios. Em 1967, o jornalista Laucides Oliveira implantou uma ideia inovadora, criando o Cine Rádio Roraima, que devido aos altos custos de produção, não durou por muito tempo.
Depois disso, o Carlos Gomes foi fechado e só voltou a funcionar em 1988, para abrigar algumas atividades culturais escolares até 1990, quando foi novamente fechado. A penúltima reforma superficial aconteceu no primeiro Governo Neudo. Mais recentemente, o local virou abrigo para moradores de rua e usuários de drogas.
*Por Lucas Luckezie