O Ministério Público de Roraima (MPRR) denunciou, por associação ao tráfico e participação em organização criminosa, 19 pessoas, entre elas 12 detentas da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista, acusadas de estarem tramando a morte de policiais militares que atuam no combate ao tráfico de drogas na Capital. A ação penal teve como fundamento informações colhidas pela Polícia Federal (PF) na “Operação Tovajor”, deflagrada em julho deste ano com o objetivo de desarticular o tráfico de drogas dentro e fora do sistema prisional de Roraima.
As investigações da Promotoria de Justiça Criminal Especializada em Crimes de Tráfico de Drogas, Crimes Decorrentes de Organização Criminosa, Lavagem de Capitais e Habeas Corpus apontaram que as mulheres, atuantes no tráfico de drogas e denominadas de “cunhadas” pelo crime organizado, tinham por objetivo convencer os líderes da facção a fortalecer a organização criminosa.
Para isso, policiais que atuam na área Caetano Filho, conhecida como “Beiral” (chamada de “Regional 1” para os criminosos), no Centro da Capital, considerada a mais lucrativa para o tráfico do Estado, teriam que ser assassinados. Somente este ano, segundo o Ministério Público, integrantes da organização criminosa executaram cinco policiais e um agente penitenciário, motivados por uma “fantasiosa opressão estatal que os criminosos estariam sofrendo no sistema prisional do Estado”.
Conforme a denuncia do MP, as “cunhadas”, que é considerada uma das funções de prestígio no crime organizado, integram a ala feminina da facção, com voz e voto dentro da organização, muitas vezes agindo com mais crueldade e violência que os próprios integrantes homens. Elas também são responsáveis por receber, guardar e repassar o armamento utilizado nas execuções.
A investigação iniciou com a prisão de uma integrante da facção, que hoje é responsável por cadastrar detentas no crime organizado. Com ela foram encontradas munições, drogas e anotações sobre a atuação da ala feminina da facção no presídio.
O plano para a prática de homicídios em retaliação às operações realizadas por agentes públicos no “Beiral” foi descoberto no dia 11 de julho deste ano. Em determinado trecho de seu interrogatório, uma das detentas afirmou que “os policiais vitimados pelos recentes atentados foram alvo da facção, em razão das facilidades oferecidas para a execução do atentado e que a organização monitora diversos policiais para avaliar quem oferece ou não facilidade para a execução”.
Os 19 envolvidos são acusados de crimes de associação para o tráfico e participação em organização criminosa, conforme previsto na Lei 11.343/06 e na Lei 12.850/13, respectivamente, podendo ter suas penas agravadas em razão de suas condutas. (L.G.C)