FABRÍCIO ARAÚJO
Colaborador da Folha
A dona de casa empurrada por um fiscal da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) durante a demolição de seu imóvel prestou queixa à polícia ontem, 21. Rosemary da Silva Facundes, de 45 anos, relatou ter sido agredida verbal e fisicamente no dia 19 pelo funcionário da Prefeitura de Boa Vista.
A construção foi derrubada sob a justificativa de estar numa área institucional e de preservação ambiental. Um vídeo do momento em que a mulher é agredida circula desde domingo nas redes sociais.
A Folha visitou o local e constatou que há placas da prefeitura. De acordo com o boletim de ocorrência, Rosemary e o marido, Francisco Rodrigues, se retiraram da área e estão vivendo no Banho da Polar desde então. A mulher informou ainda que o empurrão dado pelo fiscal da Emhur fez com que seu joelho fosse lesionado.
Ela relatou também que sofreu ameaças e foi tratada de forma truculenta. A abordagem inicial, de acordo com a vítima, foi um questionamento sobre quem deu permissão para a construção da casa no local. Depois disso, um guarda municipal informou que a família precisaria se retirar dali “por bem ou por mal”.
Rosemary contou que revidou argumentando que procuraria os seus direitos, quando, mais uma vez, foi ameaçada. “O guarda municipal disse que se ela fosse reclamar, passaria com o carro por cima dela por onde a encontrasse”, diz trecho do boletim de ocorrência.
Ainda de acordo com o documento, a vítima informou que tem problemas mentais, citando inclusive o nome do médico que a diagnosticou. Rosemary disse também que ela e o marido não são assistidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A Folha tentou contato com a vítima das agressões do fiscal por diversas vezes durante o dia. Na primeira tentativa, a ligação foi atendida, mas uma mulher tomou o celular logo após Rosemary se identificar e disse que ela não poderia falar, pois não estava se sentindo bem. Numa segunda chamada feita pela reportagem, Rosemary informou sua localização. A equipe foi ao local informado, porém, ela não foi encontrada.
Francisco Rodrigues, marido de Rosemary, informou que após o guarda municipal ter pedido para se retirarem do local, eles obedeceram às ordens, mas ficaram assistindo à demolição da casa, o que teria “desagradado” o fiscal da Emhur que a empurrou em seguida.
‘PAD’ – A Prefeitura de Boa Vista informou que não compactua com nenhum tipo de abordagem agressiva ou violenta e lamentou o ocorrido. A Emhur afastou o fiscal envolvido na denúncia de agressão e determinou a abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apuração e resultados das responsabilidades. As mesmas medidas serão tomadas com relação ao guarda municipal.
Ao contrário do que foi divulgado pelos veículos de imprensa, Rosemary Facundes não está grávida. A informação foi amplamente veiculada, inicialmente, pelas redes sociais.(F.A)