AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
A família de Natana Barbosa dos Santos Laranjeira, de 30 anos, procurou a reportagem da Folha para denunciar que o Hospital Materno Infantil (HMI) teria se recusado a fornecer para a família, o prontuário médico da paciente, que veio a óbito na tarde da última quarta-feira (26).
Esposo de Natana, o autônomo Gladson Roberto Laranjeira Suzano, de 31 anos, relatou que a equipe do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (Same), setor do hospital onde é feita a retirada do prontuário, teria lhe informado que o documento só seria entregue mediante decisão judicial.
“Mesmo sendo casado com ela não me deram o prontuário. Aliás não permitiram nem eu me expressar direito. Quando falei que era o caso da Natana já foram dizendo que não poderiam me dar devido o óbito, mesmo eu estando com toda a documentação necessária. Administrativamente, fomos lá e solicitamos que fosse feita a entrega, o que não foi feito. Voltamos lá, perguntamos quem era o responsável e descobrimos que era a moça havia falado comigo anteriormente. Perguntei para eles porque não poderia ser liberado o prontuário e eles me disseram que não poderia ser liberado justamente por conta do falecimento da Natana”, contou.
Gladson adverte que a família pretende entrar judicialmente contra a saúde caso não seja liberado o documento. “Eu necessito desse prontuário, até para sabermos quais os procedimentos que foram feitos, quais os medicamentos e as doses que foram dadas a minha esposa na hora em que isso aconteceu, porque ela estava muito bem quando entrou na maternidade e foi para a cirurgia. Depois que teve o nosso filho (José Roberto, que tem uma semana de vida), começou a passar mal e aconteceu tudo isso”, acrescentou.
O autônomo, que era casado há 14 anos com a paciente, comentou que ela deu entrada na maternidade com cerca de 40 semanas e tinha recebido um laudo assinado por uma enfermeira que a acompanhava para ser feita a realização de uma cesárea, o que não foi permitido pelo médico de plantão no dia em que ela entrou em trabalho de parto, já que o laudo havia sido assinado pela enfermeira.
“Voltamos para casa e depois tiramos um ultrassom que mostrava que o bebê já estava bem grande. Retornamos alguns dias depois na maternidade, após essa enfermeira mandar mensagem para ela insistindo na internação. Nós encontramos outra médica que estava de plantão naquele dia no hospital e ela constatou que a Natana já devia ter sido internada”, relembrou Laranjeira.
Agora com o falecimento de esposa, ocorrido durante a cesárea Gladsontenta recomeçar a vida.
“Nós estamos com um sentimento de não-aceitação do que aconteceu e da forma como ocorreu, porque ela estava muito bem, não estava com nenhum problema de saúde e todo mundo estava com essa expectativa que ela estivesse aqui conosco e com o José Roberto. É inaceitável isso”, finalizou.
OUTRO LADO – Em nota enviada à Folha, a Secretaria de Saúde (Sesau), por meio da Direção Geral do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, informou que prontuários de pacientes internadas na Unidade podem ser solicitados pelo próprio paciente ou por familiares com parentesco em primeiro grau, mediante a apresentação de um documento que comprove a relação como certidão de casamento ou documento de filiação.
“Caso o pedido venha ser feito por parentes de segundo grau ou por terceiros, o SAME (Serviço de Arquivamento Médico e Estatístico) só poderá liberar o documento mediante a apresentação de procuração judicial, conforme norma interna da Maternidade” encerrou a nota.