Neste sábado (29), o Brasil celebra o Dia Nacional da Visibilidade Trans. A FolhaBV convidou a ativista Sâmara Massafera, 35 anos, para relatar suas lutas e vivências como pessoa transgênero em Boa Vista.
Sem o apoio da família desde nova, Sâmara relatou que, para se manter, precisou se prostituir muito cedo, pois eram as oportunidades que apareciam para mulheres trans e travestis na época. “Era o que tinha, porque eu sempre era barrada no ambiente de trabalho, por não aceitarem pessoas como eu”, relatou.
A violência para a população trans no Brasil é quase que constante, de acordo com um dossiê produzido pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) em 2021, o qual aponta que 140 pessoas trans foram assassinadas no país, sendo 135 travestis e mulheres transexuais, e cinco homens trans e pessoas trans masculinas.
Sâmara relata que a violência vem de várias formas, na discriminação, agressão e homicídio. “A gente sofre violência policial, discriminação, ja fui apredrejada andando na rua e vi muito homicídio”, disse.
Segundo a ativista, a ajuda para essa população vem de ONG e voluntariado, responsáveis por promover cursos de capacitação, doações de cestas básicas e ações sociais.
A presidente da Associação de Travestis Transexuais e Transgênero do Estado de Roraima (Aterr), Paloma Rodrigues, disse que no momento as doações possíveis são insuficientes para atender todas as mulheres. “A ajuda que a gente tem no momento, é muito pouca. As cestas básicas distribuídas só atendem algumas meninas, porque não dá para ajudar a todas. Mas mesmo assim somos gratos por poder ajudar”, afirmou.
Pelo 13º ano, o Brasil continuou sendo o país onde mais se mata pessoas transgênero e travestis, seguido pelo México e os Estados Unidos, de acordo com a ONG Transgender Europe (TGEU, na sigla em inglês).
Sâmara diz que para ela a visibilidade trans começou há 13 anos, mas que ela comemora todos os dias. “A data é muito importante, mas a visibilidade trans é todo dia. Porque nós ‘matamos um leão’ todos os dias”.