Algo que pode ser observado no meio empresarial de Roraima é o ditado de que a mulher consegue desenvolver várias atividades ao mesmo tempo. Cada vez mais no setor do comércio, ela tem alcançado o seu espaço e se tornado figura essencial no mercado de trabalho, conciliando a carreira com outras atividades, como os estudos e a família.
Um exemplo da pluralidade da mulher é com relação ao papel desenvolvido na criação de empresas. A gerente administrativa e financeira Vanésia Wanderley Montanha é roraimense, nascida em Boa Vista, e responsável por tocar o setor financeiro da empresa “Sorvetes Caribe”.
A ideia de criação da companhia alimentícia surgiu para Vanésia quando ainda era estudante, ao desenvolver um trabalho para o curso superior de Contabilidade, há cerca de dez anos. Na época, o marido de Vanésia, Roberto Montanha, já trabalhava na área de sorvetes em um empreendimento da família, o que também influenciou no processo.
“Eu estava fazendo um projeto de prática na faculdade onde precisava montar uma empresa fictícia e resolvemos criar uma de sorvete, mas vimos que essa atividade escolar poderia se tornar uma realidade e colocamos em prática”, informou Vanésia. “De início, abrimos em casa, de produção própria, e quando a demanda aumentou, nós alugamos um espaço maior”, completa.
Hoje, a fábrica de sorvetes funciona no bairro Cauamé e emprega oito funcionários fornecendo o produto para o mercado em Boa Vista, além de também atender quem quiser comprar o doce no próprio estabelecimento. A dica para se manter em alta, segundo Vanésia, é procurar entender o público-alvo e se manter sempre em constante aprendizado para buscar novidades no mercado.
“Todos os anos nós vamos à Feira do Sorvete em São Paulo para buscar novos sabores, aprimorando a cada dia. Temos os sabores tradicionais de frutas, mas também investimos no setor premium, com sabores trufados, com creme de avelã e baunilha. Se ficar na mesmice, acaba ficando para trás. Tem sempre que inovar e se manter atualizado”, avalia.
Com relação à mulher no mercado de trabalho, a gerente explica que é importante que as mulheres tenham uma carreira profissional, mesmo com as dificuldades enfrentadas. No seu caso, de conciliar a carreira com o tempo para a família e suas três filhas.
A gaúcha Juliana Guzatto é uma das sócias e criadoras da ‘Guzatto – Massas Caseiras’, que trouxe para Roraima o costume de venda de massa fresca do Rio Grande do Sul (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)
“É um desafio muito grande, mas devido a ser uma empresa familiar, nós temos acesso uns aos outros e podemos passar mais tempo juntos”, afirmou Vanésia.
MASSAS GUZATO – Outro exemplo é das mulheres empreendedoras que saíram da sua cidade natal para investir em Roraima. É o caso da empresária Juliana Guzatto, uma das sócias e criadoras da “Guzatto – Massas Caseiras”.
Nascida em Garibaldi, no Rio Grande do Sul, Juliana morava em Caxias do Sul quando decidiu vir para Roraima, em dezembro de 2012. O marido, Rodrigo de Souza, já estava no Estado desde o meio do ano, por conta de um compromisso profissional. Ao chegar a Roraima, buscaram se estabelecer financeiramente, no seu caso, no ramo de técnica de enfermagem, porém, ambos sentiam falta de um dos pratos favoritos do Sul do País: a massa fresca.
“Em qualquer mercado tem para vender massa fresca no balcão. Quando a gente chegou aqui e se deparou só com produto industrializado, ficamos com vontade. Em outubro de 2013, compramos a máquina para consumo próprio e fomos adaptando as receitas para a realidade daqui, o clima e tudo”, informa Juliana.
No início, com as receitas dando certo, Juliana começou a mostrar aos amigos e colegas de trabalho os pratos feitos com o marido. Os colegas, interessados, começaram a pedir encomendas até que o negócio cresceu e chegou ao momento das entregas.
“No início, vendíamos somente produtos congelados. E conforme os clientes foram pedindo, a gente foi adaptando. Agora, atendemos com pratos quentes no horário de almoço, com funcionários para realizar a entrega e abrimos um espaço para as pessoas jantarem no fim de semana”, explica.
A empresária afirma que, sem dúvidas, foi um desafio conciliar o desenvolvimento de uma empresa com o seu emprego como técnica de enfermagem com plantões noturnos, o curso superior em Direito completado no ano passado, a maternidade e a família, além das prioridades pessoais. Apesar das dificuldades, Juliana explica que se sente realizada por ter ido em busca daquilo que iria lhe trazer felicidade e acredita que é o momento das mulheres fazerem o mesmo.
“Estamos em 2019 e já passou da hora das mulheres serem independentes e deixarem de ser submissas aos homens, fazendo o que elas querem fazer e quando querem fazer. Não ter que ficar se prendendo ao marido que não deixa usar tal roupa, se maquiar ou fazer um curso superior. A mulher tem que ter do lado dela alguém que a impulsione”, aconselhou.