Cotidiano

Mulheres de militares se manifestam por atraso de pagamento

O governo completa dois meses sem pagar o salário do funcionalismo público; pagamento continua sem previsão levando as famílias ao desespero

Com os maridos ainda sem receber os pagamentos a que têm direito, por mais de dois meses, as esposas de militares que ainda estão acampadas em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, e afirmam que estão sobrevivendo de ajuda de familiares e doações fornecidas pela população. Sem condições de quitar contas de água, luz e comprar alimentos, vivem momentos de desespero sem uma previsão do Executivo sobre o pagamento do funcionalismo.

As manifestantes vão realizar um novo panelaço nesta segunda, 26, ainda dentro da programação de manifestações que estão organizando por conta do não pagamento dos salários.

No final de semana, uma festa de aniversário que acontecia na casa da governadora Suely Campos (PP) causou revolta em esposas de bombeiros e policiais militares além de outros servidores públicos que fizeram uma manifestação no local no último final de semana.

“Enquanto ela está fazendo festa, nós estamos vivendo de doação lá na tenda, sendo humilhadas, porque nossos esposos que trabalharam, que passaram em um concurso, não estão recebendo”, relatou Amanda Teixeira, esposa de policial militar.

A reportagem apurou junto às manifestantes que a festa foi organizada para comemorar o aniversário de um dos filhos da governadora.

“Uma festa com churrascos, bastante comida, uma banda ao vivo, música e nós estamos passando fome em casa. Nós não temos mais o que comer, muito mesmo se dar ao luxo de fazer festa. Estamos indignadas com isso, porque ela não dá valor para pagar os salários dos nossos esposos, mas tem dinheiro para fazer festa de aniversário”, declarou outra manifestante.

JUNDIÁ – Completando mais de dois meses sem salário, os servidores públicos de Roraima, ameaçam também fechar o Posto do Jundiá por tempo indeterminado. O local já está funcionando com os servidores em greve desde o fim de semana.

GOVERNO – 

Em nota, o Governo do Estado afirma que a livre manifestação é um direito à todos assegurado, mas repudia o excesso do ato praticado por supostas esposas de policiais na residência da chefe do Executivo enquanto a família se reunia para homenagear um dos filhos, por ocasião de seu aniversário.

De acordo com a nota, não se tratava de uma festa. A rotina da casa onde a governadora mora há mais de 40 anos é publicamente conhecida por reunir a família cotidianamente, como ocorre nos lares da maioria dos roraimenses, tanto é assim que o acesso à residência não tem nenhum tipo de bloqueio, embora a chefe do Executivo tenha essa prerrogativa, por medida de segurança.

Ressalta ainda que as manifestantes foram chamadas para entrar na residência para conversar com a governadora, mas recusaram o diálogo. Por mais de cinco horas houve baderna e gritaria na rua, perturbando o sossego noturno de idosos e crianças da vizinhança, com o apoio de veículo caracterizado com adesivos de políticos adversários à governadora.

Conforme a nota, o governo e a governadora estão firmemente empenhados em efetuar o pagamento dos salários dos servidores o quanto antes. Essa é uma prioridade. Além disso, o diálogo está aberto com todas as categorias, para efetuar de forma transparente todos os esclarecimentos necessários, de modo que não se configura adequado protesto durante a madrugada em bairro residencial, razão pela qual serão adotadas as medidas legais que o caso requer.