KATTY MORAIS
Colaboradora da Folha
Com o aumento do desemprego é comum ver pessoas recorrendo a outros meios de obtenção de renda. Este é o caso de Dayene Magalhães, de 25 anos, que após perder o emprego e ficar grávida de sua primeira filha, passou a fabricar bolos, doces, salgados, entre outros produtos alimentícios.
“Eu nasci aqui em Boa Vista, no entanto, morei em Manaus durante alguns anos. No tempo em que fiquei lá, adquiri experiências profissionais muito significantes para mim. Acontece que, após concluir meu ensino médio, retornei para Boa Vista, pois era meu sonho voltar para minha cidade natal. Infelizmente aqui na capital é difícil conseguir um emprego, mesmo a pessoa tendo um bom curriculum”, disse Dayene.
Foi após engravidar de sua primeira filha que Dayene resolveu trabalhar no ramo de alimentos. “Arrumar emprego já era complicado. Após minha gravidez se tornou ainda mais difícil. Como eu já gostava de cozinha, pensei em fazer o que sabia para obter renda. Faz dois anos e meio que trabalho apenas com isso. Geralmente faço de tudo um pouco, como salgados, jantares, empadas, brigadeiros, tortas salgadas, entre outras coisas”, contou a autônoma.
Dayene conta que optou por trabalhar com alimentos porque é uma maneira rápida de conseguir dinheiro. “Todas as pessoas consomem produtos alimentícios, algumas não sabem fazer, portanto receber um produto de qualidade pronto é significante. Acho que essa seja uma forma de obter dinheiro todos os dias, coisa que não conseguimos ao trabalhar para uma empresa privada”, relatou.
Segundo ela, uma das maiores dificuldades é o fato de os clientes não entenderem o quanto é gasto na fabricação do produto e muitas das vezes acharem caro o preço final do alimento. “Para se fazer algo de qualidade, é preciso usar ingredientes de qualidade. Geralmente o meu gasto final sai caro e ainda existe toda uma mão de obra envolvida. Se eu não cobrar um preço que supra todo o meu gasto, acabo não ganhando nada em cima de todo trabalho”, explicou.
“Geralmente trabalho com encomendas e confesso que ganho bem mais trabalhando dessa forma, do que quando trabalhava para empresas privadas. No entanto, não pretendo mexer com isso a vida inteira, até porque é muito cansativo. No momento estou estudando para prestar concursos, pois minha meta é me tornar concursada, pois vejo isso como uma forma de estabilidade financeira melhor. Prestei o concurso da prefeitura e consegui ser aprovada, porém enquanto aguardo ser chamada, vou continuar trabalhando na fabricação de produtos comestíveis”, finalizou Dayene.
O ramo de alimentos foi a opção da estudante de Jornalismo Safirah Mubarac, que há quatro anos e meio faz doces por encomenda. “Na época eu e minha mãe ficamos desempregadas e, com isso, decidi trabalhar com algo que eu gostasse de fazer, como uma válvula de escape financeiramente até eu conseguir me colocar no mercado de trabalho novamente. Mesmo trabalhando, eu já fabricava diversos tipos de doces, como uma forma de conciliar as rendas. Acontece que eu trabalhava mais em datas comemorativas, como Páscoa, Natal, entre outras”, disse a estudante.
Com o dinheiro da rescisão do antigo trabalho, Safirah comprou uma bicicleta no estilo foodbike. “Fiz isso no intuito de tornar mais fácil minha locomoção para vender os doces. Geralmente eu e minha mãe participamos de feiras, eventos e festas particulares. Também a alugo para eventos, faço os doces e levo junto com a bicicleta para os locais”, contou.
Para a estudante, a opção pelos doces se deu ao fato de eles estarem sempre em alta no mercado. “Acredito que não tem quem resista a doces, principalmente ao brigadeiro tradicional. Acontece que existem desafios e aqui em Boa Vista um deles é o fato de não haver matéria-prima no mercado local. Com isso há um gasto muito grande na fabricação do produto, ainda mais que faço de diversos sabores, como o brigadeiro de cappuccino, o de castanha do Pará, o de amendoim, entre outros”, comentou.
De acordo com Safirah, a expansão do serviço é algo que pretende conquistar. “Ainda não investi em uma loja física, pois o aluguel de imóvel aqui na capital é muito caro, no entanto, futuramente pretendo expandir o meu negócio”, disse.
Safirah investiu em vários cursos on-line e alguns presenciais fora do estado. “Geralmente procuro aprimorar meus conhecimentos realizando cursos de capacitação, alguns faço pela internet, no entanto, tive a oportunidade de realizar alguns presenciais no Nordeste, em uma das viagens que fiz”, comemorou. (K.M)