O Grito dos Excluídos completou, neste sábado (7), 30 anos de criação, e levou às ruas o tema “Vida em primeiro lugar: todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”. Em Boa Vista, o evento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniu centenas de pessoas que levantaram bandeiras, como a defesa das mulheres, dos povos indígenas, dos migrantes, do público LGBTQIA+ e de movimentos sociais incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
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O grupo se concentrou na comunidade católica de São Bento, no bairro Liberdade, na zona Oeste da capital de Roraima. O evento começou com um momento devocional católico, marcado ainda por uma fala do bispo do Estado, Dom Evaristo Engler, a favor da proteção dos povos yanomami – que enfrentam uma luta contra o garimpo ilegal -, dos migrantes venezuelanos e das mulheres, e contra o crime organizado. “Queremos valorizar a vida humana em todos os contextos, mas toda vida criada por Deus, nossa caminhada quer refletir sobre a criação de Deus”, afirmou o bispo.
Em seguida, o grupo caminhou pelas ruas do bairro, realizou discursos e terminou o percurso na praça Vereador João Rodrigues, no bairro Pricumã. A Folha também identificou ao menos dois candidatos a vereador de esquerda que aproveitaram o evento para fazer campanha.
O coordenador das pastorais sociais da Diocese de Roraima, Danilo Bezerra, denominou a edição de 2024 como “um marco histórico” e enfatizou que a concentração na comunidade de São Bento coincide com o terceiro Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) do Norte 1, formada por nove dioceses e prelazias de Amazonas e de Roraima – evento que também conta com o bispo auxiliar de Manaus, Zenildo Lima.
Os diversos gritos
Um dos participantes do ato, o estudante e produtor cultural, João Amorim, 21, levou para o evento a defesa dos alunos, dos moradores da periferias, das pessoas negras, do público LGBTQIA+ e até do povo palestino na guerra contra Israel. “Esse Dia da Independência é um dia marcado por lutas, em que você se reconhece politicamente”, declarou.
Indígena da etnia macuxi, o engenheiro eletricista Tallon Dimitrius, 27, disse que “hoje os indígenas gritam ‘Fora, Marco Temporal‘, pela demarcação de terras indígenas, pela fiscalização dos territórios indígenas contra o garimpo, contra a exploração ilegal, contra o desmatamento”.
Por sua vez, a agente pastoral do Serviço Pastoral dos Migrantes, Orladys Hernandez Montero, 47, venezuelana que há sete anos trocou seu País pelo Brasil para buscar oportunidades melhores, reiterou o grito pelo seu povo. “É o grito da inclusão, da igualdade, da segurança, da integralidade das pessoas como seres humanos, independentemente de quem seja. É um grito da esperança. O grito é principalmente para aquele que está chegando agora”, disse, em referência aos novos migrantes e refugiados do País governado pelo ditador Nicolás Maduro.
A coordenadora do MST em Roraima, Bia Silva, 39, gritou em defesa da reforma agrária, dos negros e da Amazônia “O grito do MST também é um grito de denúncia contra todas as formas de exploração da vida, do meio ambiente e da natureza”, afirmou.
Já a ministra da Paróquia Santo Isidoro em Alto Alegre, Magleide Roque, 48, gritou contra a violência doméstica praticada contra mulheres e pediu mais políticas públicas para a Educação de sua cidade, que tem a maior taxa de analfabetismo do Brasil. “A mulher do campo também precisa de mais assistência na Agricultura Familiar, a Educação precisa estar mais em foco em Alto Alegre”, completou.