Cotidiano

Mulheres representam 18,90% do efetivo da PM em Roraima

São 1.274 pessoas do sexo masculino contra 297 do sexo feminino

Em Roraima, apenas 18,90% do efetivo da Polícia Militar é formado por mulheres. São 1.274 pessoas do sexo masculino e 297 do sexo feminino entre praças e oficiais, segundo dados levantados pela corporação a pedido do jornal Folha de São Paulo.

De acordo com a Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública, realizada pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no Brasil 12% do efetivo da Polícia Militar é formado por mulheres, sendo 46.180 contra 357.501 homens. 

A diferença dos dados enviados pela PMRR em relação aos do MJSP é a aposentadoria de 77 policiais.

“Para compor o efetivo, está em andamento o concurso público para provimento de 400 vagas, que em setembro entrará para terceira fase”, disse a nota da PMRR, não esclarecendo a diferença por sexo.

Publicada desde 2014, pela primeira vez a pesquisa está sendo disponibilizada através de um painel com os seguintes temas: efetivo, estrutura, atividades, equipamentos e capacitações.

A maior diferença está no Ceará, as mulheres representam 4% (782) do total do efetivo. Em seguida está o Pará com apenas 6% (974) do efetivo formados por pessoas do sexo feminino. Já nos estados do Piauí, Mato Grosso, Santa Catarina e Paraná o efetivo feminino corresponde a 8% do total.

Na avaliação de especialistas, essa diferença representa um problema e tem como uma das justificativas a limitação de vagas para mulheres em concursos públicos. Em alguns estados, existe cota máxima de 20% para a aprovação de mulheres.

“Outro argumento usado pelas corporações para chamar menos mulheres seria a falta de equipamentos menores, como coletes balísticos, pistolas. São justificativas que não fazem sentido. Como os equipamentos são de uso individual, diante de uma nova turma haveria a necessidade de apenas fazer uma compra adequada”, afirma Natália Pollachi, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz.

Para Jacqueline Sinhoretto, professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), outra justificativa do poder público para essa diferença é que a profissão requer força física.

Na sua visão, esse pensamento é equivocado, porque o trabalho do policial deveria ser de inteligência e técnica na maior parte das vezes. Acrescenta ainda que não existe um trabalho que não possa ser realizado por mulheres.

“O trabalho da polícia requer inteligência, é perceptível que quanto maior o nível de escolaridade exigido nos concursos públicos, maior o número de mulheres. Elas conseguem ter um desempenho melhor quando as provas são de conhecimento específico”, relata.

A gerente de projetos do Instituto Sou da Paz diz acreditar ser necessário aumentar a participação de mulheres nas forças de segurança, inclusive, nas esferas de decisão para que se possam evitar injustiças, garantir atendimento a problemas específicos e, gradualmente, eliminar as dinâmicas de violência pautadas pelo gênero.

“No Brasil não há políticas afirmativas, mas editais com cotas máximas para mulheres, essa realidade precisa ser mudada”, destacou.

Fonte: Folha de São Paulo