A produção e comercialização de mel em Roraima tem apresentado modesto crescimento nos últimos anos. Em 2017 foram registradas a produção de cerca de 170 toneladas de mel. Já em 2018, foram 190 toneladas, sendo que 80 toneladas foram vendidas para o Estado do Piauí. Os dados são da Associação Setentrional dos Apicultores (ASA) que possui 80 associados espalhados pelos municípios de Mucajaí, Cantá e Amajarí.
De acordo com Maria Arruda, apicultora e membro da diretoria da ASA, o crescimento segue em ritmo lento, mas com grandes expectativas para o futuro. De acordo com ela, a entressafra de 2019 já aponta 30 toneladas de mel. “O período para a coleta do mel é feito nos meses de julho até o começo do inverno, em março desse ano. Já registramos um número positivo e estamos otimistas. Nós respeitamos o ciclo das abelhas, que dura em torno de 6 meses, e só voltaremos a coletar novamente em agosto, que é quando as abelhas já produziram o suficiente” explicou.
Embora existam expectativas positivas de crescimento, Maria também relatou as dificuldades enfrentadas pelos Apicultores Associados em receber mais apoio do governo e parcerias.
“Exportamos em 2018 para o Piauí, mas houve dificuldade porque não possuímos o Selo Federal, que nos tornava aptos a exportar para outros lugares, por isso o governo mediava todas as negociações, incluindo com o estado do Amazonas, principal comprador. Outro problema é que muitos produtores produzem e comercializam clandestinamente o mel, sem nenhum controle de qualidade. Em 2013 conquistamos o Selo Estadual que legaliza a comercialização, mas todos os trâmites demandam muito dinheiro para serem feitos e não temos esse apoio institucional” disse a apicultora.
Décio Ferreira é apicultor há mais de 10 anos e pretende investir na compra de mais equipamentos para que a produção ganhe mais destaque em 2019. “Infelizmente não possuímos pessoas interessadas em investir nos pequenos agricultores e apicultores. Todo investimento que faço é usado com o dinheiro da produção e venda do mel. O financiamento disponibilizado pelo Governo é em forma de itens. Se houvesse a possibilidade de ter acesso ao dinheiro, poderíamos financiar equipamentos muito mais baratos, por exemplo,” explicou.
Governo diz que tem interesse em acompanhar crescimento do setor
Régis Monteiro, diretor do departamento de Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento (SEPLAN), ressaltou a importância da apicultura em Roraima e o interesse do governo em acompanhar o crescimento do setor. “A atividade é rentável e lucrativa, por isso em 2018 disponibilizamos um grupo para organizar linhas de crédito pela agência de fomento do estado, para que os apicultores investissem em tecnologia no segmento. São cerca de 15 mil reais por apicultor e já beneficiamos oito.”
Ainda de acordo com Monteiro, está sendo analisada a possibilidade de isentar os apicultores do imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “É uma forma de o Governo Estadual incentivar as atividades, já que o mel produzido aqui também é item da nossa merenda escolar, por conta do alto valor nutritivo. Por meio da agricultura familiar e cooperativas, ele chega até nossos alunos em toda a rede de ensino estadual” concluiu.