Cotidiano

Na Venezuela, amazonenses sofreram mutilações em cirurgias

Além dos casos de infecção generalizada, há pelo menos três casos de morte

Aproximadamente 70 mulheres amazonenses enfrentaram problemas graves pós-procedimento de cirurgia plástica realizada na Venezuela, em 2015.

Além dos casos de infecção generalizada, há pelo menos três casos de morte, sendo dois por erro cirúrgico em território venezuelano e um já em Manaus, por conta de infecção.

A afirmação é do membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Clínica (SBCPC), o cirurgião plástico amazonense André Luiz Carone.

De acordo com o especialista, as mulheres seguem para o país vizinho atraídas pelo valor do procedimento cirúrgico, quase duas vezes menor que o praticado em Manaus.

Ele observa que a escolha pelo preço mais barato não leva em consideração os riscos do tratamento estético, por conta da falta de controle sanitário e certificações dos procedimentos e dos equipamentos, como se tem no Brasil com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

“Lá (Venezuela) é quase a metade do nosso preço. Mas, antes de tudo, é importante entender que a cirurgia plástica na Venezuela, a começar pela Vigilância Sanitária, não é como aqui no Brasil. A Vigilância Sanitária é muito exigente quanto às normas mais modernas do mundo da cirurgia plástica. E lá na Venezuela não tem esse tipo de controle”, afirma Carone.

O integrante da SBCPC não contesta a qualidade dos profissionais da Venezuela, apenas a falta de controle inclusive de clínicas clandestinas. “A Vigilância Sanitária cobra, aqui no Brasil, desde a maneira como se esteriliza o material, bem como a forma de embalagem do material da cirurgia, porque tudo tem que cumprir uma série de normas que regulamenta os procedimentos”, explicou.

Entre as constatações de Carone quanto aos problemas herdados pelas pacientes que escolhem a Venezuela, está a qualidade das próteses.

“É possível afirmar que a qualidade da prótese que o médico brasileiro usa é muito superior a qualidade da usada na Venezuela. A Anvisa é um órgão que estabelece critérios de qualidade e se a prótese não passar pela Anvisa, ela é crivada aqui no Brasil. Com o Inmetro é a mesma coisa. Então, o que criva a prótese não é a sua nacionalidade”, observa.

Ele salienta que é importante relatar que a Venezuela tem excelentes profissionais. “E há profissionais bons e ruins em todo lugar. O que eu tenho visto é que às vezes as pacientes chegam com problema de infecção, que pode ser por conta da viagem. E pode ser também pelo uso do material que é mal esterilizado. Existem cirurgias, como já vi aqui também, que não são bem-feitas e outras que chegam com problemas gravíssimos de necroses”, afirma.

O cirurgião afirma que há casos que podem ser classificados como mutilação, ocorridos principalmente em procedimento de abdominoplastia feita na Venezuela.

“Quando elas fazem uma abdominoplastia, existe a pele da região, ela morre e essa necrose da pele é extensa por uma dificuldade técnica do cirurgião de lá. Isso causa desespero porque o tratamento e a recuperação são muito demorados. A paciente deverá ficar de repouso muito tempo. Todas que recebi na clínica nós conseguimos resolver”, diz.

Com informações do portal Em Tempo