Cotidiano

Não contemplados cobram ocupação imediata

Denúncia feita pela Folha mostrou que existem inúmeros apartamentos fechados no Residencial Vila Jardim

Após a Folha denunciar, na semana passada, que centenas de apartamentos do Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, zona Oeste, ainda estão de portas fechadas, um grupo de beneficiários que não foi contemplado no sorteio iniciou uma cobrança à Caixa Econômica Federal e ao Governo do Estado para que as unidades vazias sejam ocupadas imediatamente.

Segundo o presidente da Associação dos Beneficiários do Minha Casa, Minha Vida (ABMCMV), Jackson Lopes, desde a entrega das chaves dos apartamentos, que ocorreu em novembro do ano passado pela presidente Dilma Rousseff, os contemplados sequer foram às unidades. “O que queremos saber é quem vai ocupar esses apartamentos, tendo em vista que essas pessoas não compareceram”, disse.

Conforme ele, a associação possui vários indícios de que teria havido irregularidades nos sorteios dos apartamentos. “Temos denúncias de pessoas que ganharam e moram em outros estados, além de empresários que não foram na solenidade de entrega das chaves por medo de represálias. Queremos que essas chaves sejam entregues para as pessoas que realmente precisam”, afirmou.

A associação, criada há poucos meses, já possui 1,9 mil pessoas inscritas. “Dentro da questão de que várias pessoas inscritas e que realmente necessitam desses apartamentos não foram contempladas é que nós resolvemos criar a associação, para poder fiscalizar, denunciar e cobrar do poder público a compensação justa do sorteio”, ressaltou o presidente.

Ele disse que solicitou uma reunião com a governadora Suely Campos (PP) e com a gerência federal da Caixa Econômica para solicitar que os apartamentos vazios do Vila Jardim sejam ocupados por quem realmente precisa. “A ideia é dar preferência para os mais necessitados, como pessoas com deficiência física e os que moram em barracos. Vamos lançar essa proposta para que seja efetivada”, frisou.

O grupo também pretende exigir o cancelamento de novas inscrições do programa para que os beneficiários que já estão inscritos possam ser contemplados nos próximos sorteios. “O problema é que tem muitos inscritos e poucos sorteados. Conheço gente que mora em barraco que não tem nem banheiro, mas que nunca ganhou um apartamento, enquanto tem empresários recentes que são contemplados”, justificou.

REUNIÃO – A associação marcou uma reunião para o dia 19, às 16h, na quadra da Escola Jaceguai, no bairro Asa Branca, para tratar com os beneficiários sobre os direitos dos sorteios do Minha Casa Minha Vida.

“Vamos cadastrar cada um deles com o preenchimento de formulário e comprovante de inscrição. Após isso, vamos fazer uma visita nas residências dos associados para conhecer a realidade social de cada um. A gente acredita que o governo vá se sensibilizar e ajudar as pessoas que realmente precisam”, frisou.

GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado esclareceu que, conforme informações da Comissão Técnica de Trabalho Social, formada por servidores da Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) e da Companhia de Abastecimento e Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), o cadastro das famílias e dos futuros moradores do condomínio Vila Jardim é de responsabilidade da Codesaima. Porém, a validação e aprovação desses cadastros ocorrem por decisão unilateral da Caixa Econômica Federal.

Informou que cada contemplado passou por avaliação de renda e social para verificação de inserção ou não no programa Minha Casa Minha Vida. “É importante ressaltar que estas vistorias são realizadas para verificar a ocupação dos apartamentos. Os casos são avaliados individualmente antes de serem tomadas quaisquer medidas, e estas obedecerão aos critérios instituídos pela Caixa Econômica e Governo Federal”, frisou ao complementar que está realizando todas as medidas sociais possíveis para a melhoria e pleno funcionamento do condomínio.

CAIXA

A Caixa Econômica Federal informa que não houve cancelamento de contrato por motivo de descumprimento de cláusula contratual de nenhum beneficiário do Residencial Vila Jardim. A CAIXA esclarece que acionou o Governo do Estado de Roraima para realizar um mapeamento da situação da ocupação dos imóveis do empreendimento. Caso seja verificado alguma ocupação irregular, o banco tomará as providências cabíveis.

A CAIXA ressalta que reiterou, hoje, 11, o pedido do mapeamento da situação do residencial e espera resposta até o final do mês.