Cotidiano

Nenhum posto de saúde abre por 24 horas

Além de terem horários limitados para atender o público, unidades sofrem com falta de médicos e de remédios, além da não realização de exames

Dois anos após a disputa das eleições para a Prefeitura de Boa Vista, usuários dos centros de saúde distribuídos nos bairros da Capital reclamam que a prefeita Teresa Surita (PMDB) ainda não cumpriu a promessa feita durante a campanha eleitoral de 2012, de que os atendimentos nas 30 unidades passariam a ser realizados 24 horas por dia. A então candidata havia dito que transformaria os centros em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) para que funcionassem em todos os turnos após a reforma de alguns deles, o que tampouco ocorreu.
Além disso, os usuários denunciam a falta de médicos e de remédios, além da não realização de exames dentro das unidades. “Temos que conviver diariamente com esse descaso. Infelizmente, além de nenhum posto funcionar 24 horas, falta muita coisa. Agora mesmo preciso realizar um exame de sangue, mas não há bioquímico. O médico me receitou um remédio que não há na farmácia daqui”, reclamou a dona de casa Maria de Fátima.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista (Sitram), Sueli Cardozo, disse que se as UPAS abrissem 24h aliviariam os transtornos daqueles que não têm condições de locomover-se de suas residências em horários tardios. “Só o HGR e o Hospital da Criança em termo de urgência e emergência não são suficientes para atender toda a demanda. Se realmente existissem [UPAS], iriam facilitar o atendimento. Espero que esse compromisso seja firmado até para desafogar nossa saúde”, disse.
Para os usuários que moram próximos a um Centro de Saúde, os atendimentos 24 horas são uma necessidade. “A pessoa que é de idade, como eu, e passa mal à noite, tem que chamar o Samu para se deslocar até o hospital, quando poderíamos ter um atendimento aqui do lado da nossa casa”, reclamou a aposentada Marcolina Silva.
REFORMA – No fim de 2013, a prefeita Teresa Surita anunciou um plano de ações junto ao governo da atual gestão para reformar os centros de saúde municipais. Segundo ela, no plano estavam inclusos reparos emergenciais para corrigir instalações elétricas e hidráulicas danificadas, além de pintura e manutenção das unidades. Até agora, somente 16 centros de saúde receberam essas reformas.
PROMESSA – Nas eleições de 2012, a prefeita, que até então ocupava o cargo de deputada federal, havia se reunido com o então Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para debater um plano de ações para a saúde no município, quando o ministro havia garantido para o ano de 2013 duas unidades de posto 24 horas.
Teresa havia afirmado que a ideia era beneficiar aqueles que trabalhavam durante todo o dia e não tinham tempo de ir ao médico nos horários comerciais. Conforme a prefeita, as UPAS funcionariam 24 horas por dia com a ampliação do número de unidades, equipes de Saúde da Família e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para atuarem em ações preventivas evitando a superlotação no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) e no Hospital Geral de Roraima (HGR).
PREFEITURA – A Folha entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Boa Vista para saber o motivo de nenhum dos 30 centros de saúde realizar atendimentos 24 horas, como havia prometido a prefeita, e se há previsão para que isso ocorra, mas, até o fechamento desta matéria, às 18h50, não houve retorno.