Conforme o último boletim hidroclimático divulgado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), no dia 05 de julho, as maiores precipitações de chuvas ocorrem na região nordeste do Estado, onde estão as regiões de serra, no município de Uiramutã. Em 21 dias de chuva em junho, o acumulado de precipitação foi de 243 milímetros em Roraima. Já no mês de julho choveu 39,1 milímetros só em Boa Vista.
O nível do Rio Branco, na noite desta quinta-feira, 06, subiu mais 20 centímetros e atingiu 8,7 metros. Em 2011, o nível das águas chegou a 10,21 metros em Boa vista, segundo dados obtidos na estação fluviométrica da Agência Nacional de Águas (ANA). “As chuvas aqui em Boa Vista estão abaixo do normal e, mesmo assim, o nível vem aumentando. Temos ainda julho e agosto de chuvas”, disse o meteorologista da Femarh, Ramon Alves.
Para o especialista em recursos hídricos e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Vladimir de Souza, há uma explicação para o fenômeno. “Porque está chovendo nas cabeceiras dos rios Tacutu, Uiraricoera e nas serras do extremo norte do Estado. Mesmo que o volume de chuva esteja abaixo do normal, a água vem descendo pelo Rio Branco”, explicou.
Segundo ele, a possibilidade de o rio atingir a marca histórica em 2017 é grande. “Vai depender do comportamento das chuvas nas cabeceiras. Está bem próximo, porque estive ontem em Bonfim [região leste] e lá a água já chegou na cidade. O Rio Tacutu interditou a estrada que dá acesso a Normandia. A possibilidade é grande, porque ainda chove bastante”, frisou.
PREVISÃO – Conforme o boletim hidroclimático da Femarh, a previsão para o próximo trimestre, de julho a setembro, é de chuvas um pouco abaixo do normal climatológica. De janeiro a junho de 2017, o acumulado de precipitação em Boa Vista foi de 929,1 milímetros. Em todo o ano de 2016, choveu cerca de 1.898,1 milímetros. A média histórica é de aproximadamente 1.679 milímetros. (L.G. C)
Cheia vira atração turística na Orla
A cheia do Rio Branco em Boa Vista se tornou atração. Dezenas de pessoas se reúnem todos os dias para acompanhar a inundação da plataforma inferior da Orla Taumanan, no Centro. A água já cobriu as pilastras da área, que foi interditada pela Defesa Civil na quarta-feira, 05.
Pessoas de vários bairros da Capital e até de municípios do interior estão indo para o local conferir e fotografar. É o caso do pedreiro Edvan Nascimento, que veio de São Luiz do Anauá, no sul do Estado. “Não cheguei a ver aquela cheia de 2011, apenas no jornal. De frente, nunca tinha visto e achei impressionante. Trouxe meus filhos porque vim deixar minha esposa no trabalho e aproveitei para passar aqui e registrar, porque é algo histórico”, disse.
Até vendedores ambulantes têm aproveitado a ocasião para faturar. Esta é a maior cheia do Rio Branco desde 2011, quando o nível do rio chegou a atingir a marca história de 10,21 metros, que está a menos de dois metros de ser batida este ano.
Quiosques da Orla já começaram a ser esvaziados e a Defesa Civil Municipal montou diversas barreiras para impedir que as pessoas se aproximem da plataforma mais baixa, que está sob risco de inundação. (L.G.C)