Cotidiano

Nível do rio baixa, mas ainda preocupa

A expectativa de ribeirinhos é que o rio voltará a encher, pois falta muito para acabar o inverno

Lentamente, o nível do Rio Branco está baixando. A notícia deixa os ribeirinhos aliviados, porque na sexta-feira, 13, a régua apontava a marca de 7,9 metros. Alguns dias atrás, a mesma régua registrara a profundidade 8,31m. Os dados constam de boletins hidroclimáticos da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh).

Quem já observou a baixa, e contou como ela afeta seu cotidiano, foi o pescador, Yandreo Calefi, que todos os dias vai ao rio pescar para vender os peixes que consegue. “Com a cheia é mais difícil, porque os peixes vão para lugares rasos. Estava tendo dificuldades. Agora, o rio está baixando, melhorou a quantidade e estou voltando a vender bem”, contou.

No bairro de São Pedro, no final da Avenida Santos Dumont, o dono de um restaurante e bar à beira do rio, Stanley Lira, conhecido como Bobôco, disse que, pelo fato de o local alagar todos os anos, ele criou um espaço alternativo para reduzir o prejuízo durante a cheia.

“Moro na beira do rio há 30 anos. Estou acostumado com a possibilidade de o bar ser alagado durante o inverno. Por isso, temos um espaço subindo um pouco mais à rua. Transferimos cadeiras, mesas, e fazemos o atendimento por ali”, comentou, demonstrando resignação com o enche e seca do rio.

Pela experiência adquirida, Bobôco acredita que embora esteja na vazante, o rio ainda voltará a encher porque o período chuvoso só será concluído de meados para o final de agosto. Por isso, não se anima e prefere esperar para ver o que vai acontecer. 

“Eu acredito que vai voltar a subir. Falta mais de um mês para acabar o período das chuvas, o que ocorre a partir do dia 20 de agosto. Ainda tem muito para chover, e estamos precavidos para o caso de acontecer o repiquete”, afirmou.

 Um pouco acima, a dona de casa, Maria das Graças, conta que percebeu o recuo do rio porque diminuiu a quantidade de animais que costumam entrar em casa nessa época do ano.

“Moramos mais afastados e é difícil a enchente nos afetar diretamente. Sofremos com ela porque quando a água sobe, mais bichos entram em casa. Ultimamente, vimos muitas aranhas. Teve um vizinho que encontrou uma cobra com mais de metro. Então tomamos muito cuidado”, relatou.

Mesmo com a vazante, Maria das Graças confessou o clima de incerteza para os próximos dias. “Aqui em casa as opiniões são divididas. Eu não acredito que o nível do rio voltará a subir. As chuvas dos últimos dias tem sido tranquilas. Meu marido pensa o contrário. Digo que se o nível voltar a subir, nós ainda teremos que lidar com muito bicho por aqui”, disse em tom descontraído. (P.B)

Defesa Civil pede para pessoas se anteciparem em caso cheia 

Conforme o diretor da Defesa Civil de Boa Vista, Amarildo Gomes, não é possível prever se haverá ou não necessidade de intervenção por parte do órgão de segurança. Por isso, recomenda que caso alguém se sinta ameaçado pelos efeitos das chuvas, que ligue para 156 o mais cedo possível.

“Se a população está se sentindo ameaçada, se a água do rio estiver alcançando suas casas, recomendamos ligar para o 156 o mais rápido possível. Quanto mais cedo ligar, melhor, pois teremos tempo de analisar a situação e adotar medidas preventivas”, explicou.

Amarildo informou que este ano o número de demandas para a Defesa Civil é 80% menor que em anos anteriores. Acredita que isso se deva à retirada dos moradores do bairro Caetano Filho, conhecido como Beiral.

“Nossa demanda diminuiu muito do ano passado para cá. A maior parte do nosso efetivo ficava concentrada no Beiral, pois muitas pessoas precisavam de suporte. Como mais de 300 pessoas foram retiradas de lá, ficamos desafogados de demandas. Estamos à disposição para atender de forma preventiva”, ressaltou.

Atualmente, a enchente na região do Passarão, na zona Rural de Boa Vista, continua sendo a mais grave do município, devido a impossibilidade de uso de balsa. O problema ficou tão sério, que a Eletrobras divulgou no sábado, 14, através de redes sociais, que não tem condições de fazer reparos na rede elétrica da região, por dificuldade de acesso às comunidades como Vista Alegre, Campo Grande e São Marcos.

“Estamos há duas semanas na região do Passarão, pois a balsa não conseguiu mais atracar para embarque após a enchente. Nossos barcos estão por lá. Essa é a única dificuldade, porque o abastecimento não foi afetado”, disse o diretor da Defesa Civil. (P.B)