Cotidiano

No IML, faltam servidor e local adequado

Apenas um servidor trabalha na investigação para identificar corpos e, além disso, IML precisa ser instalado em outro local, afastado da cidade

O diretor do Instituto Médico Legal (IML), Francisco Farias, que também é médico legista da unidade, afirmou que o Governo do Estado tinha conhecimento sobre a situação envolvendo a necessidade de câmaras mortuárias para armazenar os corpos. “A direção, inclusive meus antecessores, deram conhecimento à Sejuc [Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania]. Há um convênio firmado e está sendo providenciada a reparação desses problemas”, disse.

Os corpos deixados em lonas plásticas do lado de fora do IML, segundo ele, chegaram ao instituto na terça-feira já em estado de decomposição. “Já vieram putrefatos. No momento, não temos local adequado para colocar esses corpos. Seriam as câmaras, mas, por problemas técnicos, não estão ligadas”, lamentou.

Segundo ele, além da falta de câmaras, apenas um antropólogo faz trabalho de investigação na unidade, o que dificulta a identificação imediata dos corpos.

“Esperamos que o MP, juntamente com a Secretaria de Segurança Pública [Sesp], tome as providências cabíveis. Por lei, os corpos que chegam e não são identificados ou não possuem familiares, têm que aguardar 30 dias para serem sepultados”, explicou.

O diretor do Departamento de Perícias Criminais da Sesp, Wellington Alencar, a possibilidade de transferência do IML para outro local poderia sanar os problemas da unidade. “Esse instituto tem mais de 30 anos. Quando foi criado, ficava em uma área afastada, e agora precisa ser afastado novamente”, relatou.

Ele informou que a Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública (Decap) investiga um suposto esquema de fraude na instalação de transformadores que comportariam as câmaras mortuárias. “Está sendo investigada essa fraude, é um desvio em torno de R$ 12 mil”, afirmou.

Delegada-geral nega conhecimento da situação e anuncia mudança na direção

Em entrevista coletiva, realizada na Cidade da Polícia Civil, localizada no bairro Caçari, zona Norte, a delegada-geral Haydée Magalhães declarou que não tinha conhecimento sobre a situação no IML. “O diretor nunca nos informou nada. São diversas situações que têm que ser resolvidas e apuradas”, disse.

Ela informou que os corpos que estavam no chão do pátio do instituto já foram sepultados e que o governo tomará medidas para minimizar os problemas. “Eram três corpos e duas ossadas. As ossadas são mais antigas e não há problema, não necessitam ser guardadas. A medida mais imediata foi o sepultamento dos corpos, que já ocorreu”, frisou.

Sobre a instalação elétrica para o funcionamento das câmaras mortuárias, a delegada disse que o problema deveria ter sido resolvido na gestão passada. “A gestão anterior fez uma reforma no instituto, onde foi ampliado o número de câmaras, mas não foi ligada por falta de suporte elétrico. Tomando ciência disso, já fizemos a troca dos transformadores e a ligação está sendo corrigida”.

Outra solução que será adotada pelo governo é a troca da gestão administrativa do IML. “Estamos apurando quem são os servidores que deram causa ao acontecido e encaminharemos para a corregedoria. Vamos fazer a troca da gestão administrativa de imediato”, afirmou. (L.G.C)