“Nossa vida vai além de um diagnóstico”, diz vereadora Tuti Lopes no Dia Nacional de Combate ao Câncer

"É importante a gente entender que esse é um processo da nossa vida, mas não se pode resumir a ele", diz Tuti

Tuti Lopes - Vereadora de Boa Vista (Foto- José Magno - FolhaBV)
Tuti Lopes - Vereadora de Boa Vista (Foto- José Magno - FolhaBV)

O Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado nesta quarta-feira, 26, foi criado em 1988 com o objetivo de ampliar o conhecimento da população brasileira sobre a doença, especialmente sobre a sua prevenção. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o diagnóstico precoce é uma das formas mais eficazes de impedir que a enfermidade se agrave, com chances mais altas de tratamento e cura.

Mas, nem sempre é impossível impedir que um diagnóstico positivo aconteça. E como lidar com essa confirmação? No caso da advogada e vereadora por Boa Vista, Tuti Lopes (Podemos), receber a notícia foi um impacto, sem dúvida, mas foi importante não deixar que a enfermidade tome conta. 

“Nossa vida não pode ser resumida em um diagnóstico”, pontuou Tuti. “É importante a gente entender que esse é um processo da nossa vida, mas não se pode resumir a ele. Faz parte da nossa vida como tantas outras coisas fazem parte. A gente tem que saber lidar e encarar. Ter percepção da realidade do processo que a gente atravessa. Tratamentos, protocolos médicos, exames, mas a gente sabe que a nossa vida não pode ser reduzida só a isso”, afirmou.

Para a vereadora, uma ação importante foi se manter ativa, trabalhando e próxima de atividades que lhe fazem bem, além de contar com uma rede de apoio formada por amigos e familiares. 

“Meu porto seguro foi primeiramente a minha família, meu pai, minha mãe, a Nega (esposa do seu pai, o ex-deputado federal Édio Lopes), meus irmãos. A gente sempre foi muito presente na vida do outro. Meu filho, mesmo sem entender ao certo que estava acontecendo, mas às vezes entendendo tudo, porque as crianças entendem tudo. Ele também foi um dos meus grandes alicerces ali, durante esse processo”, completou.

Por ser uma pessoa pública, Tuti também recebeu apoio até de pessoas desconhecidas, que lhe mandavam mensagens. Outra demonstração pública foi de parte dos vereadores de Boa Vista e do prefeito Arthur Henrique, que rasparam o cabelo na época em que a vereadora se afastou do trabalho.

“Amigos, pessoas desconhecidas, mandavam mensagem falando que estavam em correntes de orações pela minha recuperação. Essa grande rede de apoio é o que eu desejaria para todo paciente oncológico, para que as pessoas entendessem como qualquer mensagem e qualquer gesto de apoio, de solidariedade, de empatia, só ao dizer “eu estou aqui”, “estou orando por você”. Faz muita diferença nessa nossa caminhada. Tem dias que a gente precisa muito ouvir isso”, completou.

Importante trabalhar o físico e emocional para encarar o tratamento, diz vereadora

Mas, além disso, de todo o trabalho da sua rede de apoio, a vereadora ressaltou que também é importante trabalhar a sua própria mente e acreditar. Até raspar os cabelos, que muitas pacientes oncológicas temem e se emocionam ao pensar, a vereadora explicou que procurou olhar a situação de uma forma diferente. “Eu me senti poderosa, me senti forte, então os cabelos foi algo que realmente eu tive que perder, tive que raspar, mas não diminuiu a minha força”.

Para quem passa por esse momento agora, de um recém diagnóstico ou passa por tratamento, Tuti afirma que é importante trabalhar o físico e emocional para encarar todas as etapas.

“A mensagem que eu diria para um paciente que está recebendo um diagnóstico hoje é, primeiramente, ter muita fé. Deus é indispensável todos os dias, a gente se fortalece através das pessoas que querem nosso bem, família, amigos, filhos. A gente precisa se olhar todos os dias e ver como estamos bem. Como o nosso físico está bem para enfrentar essa batalha, porque só dá certo se a gente interligar o nosso físico com o nosso emocional”.

Diagnosticada em outubro de 2022 com câncer nos ovários, Tuti hoje continua em acompanhamento da doença. Mas, na sua avaliação, ela conseguiu enfrentar os piores momentos.

“Acredito que o pior já foi, foi lá atrás, quando tive que passar por uma cirurgia de alta complexidade. Agora é um protocolo que a gente cumpre e o que importa é como a gente se sente. E eu me sinto muito bem. Estive ativa a campanha inteira, todos os dias e hoje estou aqui”, pontuou. 

Lei Municipal garante atendimento prioritário para pessoas em tratamento oncológico

A vereadora também é autora da Lei Municipal nº 2.429/23, que concede atendimento prioritário às pessoas em tratamento oncológico nos estabelecimentos municipais. A proposta foi inspirada pela sua vivência e experiência com outras pacientes, que passavam pela mesma coisa.

“Tem dias que são super difíceis e a gente poder ter esse acolhimento prioritário, quando a gente procura um tipo de atendimento, seja na área privada ou particular, é muito gratificante. Isso é o mínimo que a gente pode fazer enquanto legisladora e sabendo das nossas limitações também”, completou Tuti.