Moradores do município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, realizaram uma manifestação na manhã de sábado, 25, cobrando maior rigor na admissão de estrangeiros no Brasil. O ato, mobilizado por grupos estudantis, associações de moradores e indígenas das comunidades São Marcos e Raposa Serra do Sol, teve pouca adesão e ocorreu sem maiores conflitos.
A ação foi concentrada principalmente no Terminal Rodoviário Rubens Cabral de Macedo, na entrada da cidade. Os manifestantes portavam cartazes e faixas cobrando maior segurança nas ruas da cidade, um controle sanitário mais rígido ao entrar na fronteira e a necessidade de apresentação de documento que comprove os antecedentes criminais.
Toda a ação foi acompanhada de perto por agentes da Polícia Rodoviária Federal em Roraima (PRF-RR) considerando que, na convocação do protesto por WhatsApp, os manifestantes expressaram o desejo de fechar a passagem da BR-174. No entanto, segundo a PRF-RR, o protesto foi considerado pacífico e sem informações de conflitos, além de não ter ocorrido o bloqueio da rodovia.
BAIXA ADESÃO – Os protestantes manifestaram tristeza pela falta de participação dos demais moradores que residem em Pacaraima, afirmando que o movimento foi pensado em benefício de todos no município e também no Estado.
“Todas as ações acerca da manifestação foram tratadas em reunião realizadas pelas lideranças indígenas na sexta-feira, 24. Não queremos a volta dos absurdos que estavam acontecendo na cidade, como os roubos e os assaltos. Queremos que o Governo Federal nos dê atenção por que também precisamos de ajuda”, pontuou um dos manifestantes, o estudante Wilha Pacaraima.
A informação obtida pela Folha é que muitos não participaram do ato por medo de represália das forças policias. Segundo um morador, que preferiu não se identificar, os ânimos foram acalmados desde que foi divulgada a informação de que o Ministério Público (MPRR) acionou a Polícia Civil para investigação dos atos violentos registrados durante a manifestação do último final de semana.
Em nota, o MPRR informou que ia abordar a tentativa de latrocínio a um comerciante brasileiro, a falta de ambulância no Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, suposta omissão de socorro, incitação à violência e outras irregularidades.
“Isso calou o povo. Nós não somos pessoas ruins, não somos bandidos, mas também não queremos ser presos. Ninguém tem dinheiro para pagar advogado. Isso foi um ‘cala a boca’. Agora a população prefere dizer que está tudo bem para não se complicar. Mas não está tudo bem”, informou.
O morador do município disse ainda que estava previsto ocorrer outra manifestação popular pacífica durante a visita do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, a Pacaraima na ultima quinta-feira, 23, mas o ato foi cancelado devido à falta de adesão. “Se a gente manifestar de novo, não vai dar o mesmo número de pessoas, com certeza. Então, quem for, vai ficar muito visto”, completou.
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