Cotidiano

Nove municípios de Roraima não possuem leitos de UTI

São eles: Alto Alegre, Amajari, Bonfim, Caracaraí, Caroebe, Iracema, Normandia, Pacaraima e Uiramutã

O resultado da radiografia referente à Assistência em Saúde de 2017, realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) nos 122 municípios de fronteira do Brasil, apontou que 93% dos municípios fronteiriços não possuem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Sistema Único de Saúde (SUS). Neste percentual, estão incluídos os municípios de Alto Alegre, Amajari, Bonfim, Caracaraí, Caroebe, Iracema, Normandia, Pacaraima e Uiramutã.

Nos municípios roraimenses, conforme o levantamento, não chega a 10 o número de Centros de Saúde e Unidades Básicas de Saúde (UBS). Se tratando de Hospitais Gerais, apenas Alto Alegre, Bonfim e Pacaraima possuem, cada um, uma unidade. As informações dos municípios estão sendo debatidas hoje, 4, no II Fórum de Médicos de Fronteiras, que acontece em Campo Grande (MS), organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

O encontro tem como foco principal a discussão de assistência em saúde nas regiões de fronteira. “São localidades distantes dos centros urbanos e muitas vezes de difícil acesso. Nelas vive uma população que também precisa ter acesso a diagnósticos e tratamentos. Por isso, a oferta de serviços públicos de qualidade tem sido um desafio”, disse o presidente do CFM, Carlos Vital.

Ainda de acordo com o levantamento, o número de médicos nos nove municípios de Roraima analisados aumentou 75% em seis anos. Contudo, o aumento não foi constatado em todos os locais. É o caso do município de Bonfim, a cerca de 125 quilômetros da capital, na região leste do Estado, que apresentou seis médicos em 2011 e 2017.Para Vital, é preciso estímulos para que os profissionais da saúde se dirijam às regiões mais distantes, principalmente na Amazônia.

O presidente do CFM destacou que as condições de trabalho atuais são inadequadas para uma medicina exercida com segurança aos profissionais e ao paciente. “Não deixa de ser uma quebra do princípio da isonomia, mas para que haja essa igualdade, é preciso que as condições de trabalho sejam oferecidas, além de insumos, materiais para procedimentos e até o conhecimento profissional”, frisou.

Mesmo ciente de que as Forças Armadas já desenvolvem um trabalho particular na região Amazônica, sendo essa uma das únicas opções existente nas regiões mais distantes, o presidente do Conselho Federal reforçou que é preciso agregar outros esforços para que as populações concentradas nas regiões estudadas tenham uma medicina qualificada, a fim de evitar traumas e prejuízos irrecuperáveis.

Sobre a questão da crise migratória e o reflexo na saúde, o coordenador da Pastoral da Criança, Nelson Arns Neumann, frisou que a população tende a ficar mais estressada pelo fato de que o acesso já não era tão bom. Com a sobrecarga, o sistema não dá conta. Diante dos casos confirmados de sarampo, uma doença que já estava erradicada no país, ele esclareceu ser impossível conter qualquer tipo de doença sem uma barreira sanitária. “Como neto de imigrantes, fico pensando que se meus antepassados foram acolhidos nesse Brasil, porque não dar esperança e dar suporte a essas pessoas que estão passando por uma situação de crise?”, finalizou. (A.G.G)