Cotidiano

Novo centro cultural resgata história do Judiciário de Roraima; conheça

Inauguração será nesta terça-feira em evento aberto ao público, com direito a fechamento de cápsula do tempo para ser aberta em 2041

O Tribunal de Justiça de Roraima vai inaugurar nesta terça-feira (31) o Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário. O espaço promete fazer estudantes, professores, turistas e o público em geral a viajar no tempo, ao conhecer relatos, fotografias, documentos históricos e mobiliários que prometem ajudar a entender a formação da justiça roraimense, desde a época do período Brasil Colônia (1500-1822).

A tecnologia poderá facilitar a compreensão dos visitantes. Em totens eletrônicos, o público poderá acessar informações sobre itens expostos em cada um dos cinco ambientes (Linha do Tempo, História do Judiciário, Justiça e Sociedade, Galeria de Presidentes e Exposição Temporária).


Totens eletrônicos exibem informações sobre itens expostos em cada um dos cinco ambientes (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Além disso, o espaço possui dois telões que exibem a todo momento fotos e vídeos históricos do tribunal. “Um convite a viajar ao passado para refletir melhor o nosso presente com os acertos dos nossos pioneiros”, pontuou o presidente do TJRR, desembargador Cristóvão Suter.

A linha do tempo

É logo na entrada, no ambiente Linha do Tempo, que a “viagem ao passado” começa, através dos marcos históricos do Tribunal de Justiça de Roraima, inaugurado em 1991, marcando sua independência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Sobre a mesa, está a ata original, manuscrita, que relata a constituição do TJRR.


Ata original manuscrita registra a constituição do TJRR, em 1991 (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

A linha do tempo inclui as inaugurações das comarcas do interior (São Luiz, Mucajaí, Alto Alegre e Pacaraima), do Fórum Criminal de Boa Vista e a posse da primeira desembargadora, Tânia Vasconcelos.

No ambiente História do Judiciário, há uma outra linha do tempo que narra os antecedentes da Justiça roraimense, passando pelos períodos Brasil Colônia (em que existia os ouvidores da Capitania de São José do Rio Negro, área que hoje abarca Roraima), Brasil Império (1822-1889) e republicano (1889 em diante).

É no mesmo ambiente que o público poderá encontrar quatro documentos históricos, como o Summario Crime de 1895, um manuscrito compilado que registra pela primeira vez um crime ocorrido nas terras que, anos mais tarde, seriam chamadas de roraimenses. “Foi um assassinato, no documento chamado de Índia Lina. O juiz era o coronel Bento Brasil. O promotor era o Coronel Mota, que dá o nome ao nosso hospital. Esse processo vai mostrando a autópsia dela, os ferimentos”, explica o historiador do TJ, Hugo Mendes.


Quatro documentos históricos estão no novo espaço (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

As paredes também narram a formação de Roraima, desde a criação dos territórios federais do Rio Branco (1943) e de Roraima (1962) até o estabelecimento do Estado pela Constituição Federal de 1988. “A gente vai mostrando como o desenvolvimento do Judiciário acompanha o da cidade”, explica Mendes.

Dessa época mais contemporânea, na mesma sala, estão expostos um rádio de comunicação, uma máquina de datilografia elétrica, CDs, fitas e disquetes.


Equipamentos eletrônicos contemporâneos do Judiciário roraimense (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

No ambiente Justiça e Sociedade, há um telefone para surdos e mudos da década de 1990, disponibilizado pela antiga Telemar, e que servia à população de São Luiz na comarca do Município. Na sala, também estão modelos da Medalha e do Diploma do Mérito Judiciário, a homenagem da Escola Superior de Guerra à Corte e registros fotográficos e escritos de ações sociais desenvolvidas pelo TJRR.

Na Galeria de Presidentes, estão as fotos e biografias de todos os desembargadores que já presidiram a Corte, desde o primeiro, Robério Nunes dos Anjos, em 1991. Há ainda a toga de Nunes e objetos de porcelana, como o vaso doado pelo cônsul japonês (1999) e o prato pelo cônsul tailandês (2002).


Prateleira expõe toga do primeiro presidente do TJRR e presentes recebidos pela Corte (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Na inauguração aberta ao público, nesta terça, às 17h, o TJ irá fechar uma cápsula do tempo com documentos da Corte e da sociedade em geral para abri-la em 2041, ano em que o Judiciário de Roraima completará 50 anos de história. Esse marco histórico finaliza a linha do tempo do novo centro.

A sala Exposição Temporária, por sua vez, recebe sua primeira mostra, a “6 Mil Anos de Processos Comunicativos”, do Museu Integrado de Roraima. A exposição inaugural exibe ferramentas antigas dos povos indígenas do Estado, como pilão, vaso de pedra, pintura rupestre, indumentária ritualística, vasos, machadinhas e até pente. “Vamos tentar sempre promover não só a vinda do público, mas também a exposição de novas artes, produção de novos conhecimentos”, disse.


Pilão histórico exposto no centro (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Funcionamento

O Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, no antigo Conjunto dos Desembargadores, situado na Avenida Ville Roy, no bairro São Pedro. Logo na entrada, o público poderá se credenciar gratuitamente para visitar o local. “As pessoas vão ter livre acesso pra entrar, pedir informações a acessar os documentos”, explicou Hugo Mendes, detalhando que, no caso de documentos históricos, acesso será pelo totem digital, devido ao desgaste natural das peças.

*Por Lucas Luckezie