
O aumento de casos de Covid-19 e a circulação de novas variantes do vírus seguem preocupando o mundo, o Brasil e a população. Em Roraima, o número de infecções voltaram a crescer nos últimos dias, e os dados atualizados do governo federal, até esta quarta-feira (20), indicam um total de 191.836 casos confirmados e 2.223 mortes desde o início da pandemia.
O cenário atual reflete a disseminação de novas linhagens do coronavírus, como a variante XEC, que tem apresentado alto nível de transmissão. A situação levou especialistas a reforçarem o alerta para a necessidade de medidas preventivas, mesmo após cinco anos da chegada da Covid-19 ao país.
Entre os casos mais recentes em Roraima está o da chef gastronômica Denise Rohnelt, que, após uma viagem em família, foi surpreendida pelo diagnóstico positivo da doença. Ela e o filho tiveram sintomas, mas foi o marido de Denise, Adir Araújo, de 84 anos, que sentiu os impactos mais intensos do vírus.
Três novos casos – “Começou um tal de espirra aqui, espirra ali”
Denise contou que a família começou a apresentar os primeiros sinais da Covid-19 logo após retornar de um cruzeiro em Santos. A viagem aconteceu na segunda quinzena de fevereiro para comemorar os 84 anos de Adir antecipadamente.
“A gente chegou dia 26 [de fevereiro] e eu já cheguei do navio com uma sinusite e o meu filho, com o nariz escorrendo. Mas antes, na viagem, começou um espirra aqui e tal do restante da família. Só que a gente achou que fosse coisa dessa mudança de temperatura brusca, como sempre. Quando a gente chegou em Boa Vista, meu marido teve febre, meu filho começou com espirro e tosse. Resolvemos fazer o teste e, no pronto-socorro, meu marido foi diagnosticado com Covid, Influenza A e pneumonia viral”, disse, acrescentando que antes da viagem, vizinhos testaram positivo também.
Os três fizeram o tratamento, repouso e isolamento durante os sete dias em que o vírus fica transmissível no corpo. Entretanto, Adir apresentou uma crise de falta de ar, o que preocupou Denise, já que ele faz parte do grupo de risco além de ter diabetes e pressão alta. Ela, então, o levou até o hospital.
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“O que acontece com pessoas acima de 70 anos e com comorbidades quando tem Covid? Sequelas. Ele ficou com as sequelas da Covid e elas atingiram o pulmão dele. O pulmão direito dele foi totalmente comprometido e já estava atingindo o esquerdo. Não era mais uma pneumonia. Agora sim, era Covid”, destacou a chef.
Tratamento na UTI com ventilação não invasiva
Com o diagnóstico, os médicos decidiram transferir o marido de Denise para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) como parte do tratamento da Covid-19. Segundo ela, a internação não deve ser encarada como um último recurso, mas como um meio de garantir suporte intensivo ao paciente. “O susto é grande, como o meu foi na hora, mas é importante entender que a UTI é tratamento intensivo, onde o paciente fica assistido 24 horas e tem outros recursos”, disse.
Durante os seis dias de internação, ele recebeu medicação e foi submetido à Ventilação Não Invasiva (VNI), método amplamente utilizado na pandemia. O equipamento, uma máscara a vácuo, permite uma alta oferta de oxigênio sem a necessidade de intubação, ajudando a estabilizar a respiração. Adir recebeu alta na última segunda-feira (17) e segue em recuperação em casa.
Aumento de casos e a necessidade de seguir os cuidados
Os dados da Covid-19 no estado refletem o crescimento recente das infecções. A taxa de incidência da doença em Roraima atinge 31.668,6 casos a cada 100 mil habitantes, e a mortalidade é de 367 óbitos por 100 mil habitantes. Para Denise, os novos casos reforçam a necessidade de manter a prevenção.
“Eu já estava prevendo Covid porque já estava falando que ia começar a época de aglomeração, tempo frio. E a Covid vai estar com a gente por resto da vida, ele é mutável, atua como uma gripezinha, mas na realidade ele vai direto para o pulmão de quem tem imunidade baixa e a gente pode ver coisas acontecendo novamente. Então, as pessoas têm que ter noção que a higiene tem que continuar, que a máscara e evitar aglomeração tem que continuar”, destacou, completando que o ponto principal é a vacinação. “A gente teve um êxito muito grande [na recuperação] porque a maioria vacinou, se não fosse mais de 60% [da população] vacinado, eu não sei onde a gente ia estar”, refletiu.
A imunização contra o Covid-19 já faz parte do calendário vacinal brasileiro. Na capital roraimense, Boa Vista, doses da vacina estão disponíveis para os grupos prioritários como crianças – a partir de 6 meses até 4 anos 11 meses e 29 dias; idosos e gestantes. Com isso, a população pode procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e não deixar que o vírus repita as marcas da pandemia.
Essa foi uma série de reportagens especiais sobre os cinco anos do primeiro caso de coronavírus em Roraima. Confira as matérias anteriores.
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