Cotidiano

Número de casos de sarampo aumenta mais de 4.000%

Atualmente 213 casos são suspeitos, sendo 42 confirmados e 167 em investigação; até o momento foram registrados dois óbitos

Quarenta e sete dias após a comprovação do primeiro caso de sarampo em Roraima, o número de casos confirmados aumentou 4.100%. Atualmente, o Estado tem 213 casos suspeitos, sendo 167 em investigação, 42 confirmados e dois óbitos. Quatro casos foram descartados.

Conforme os dados divulgados ontem, 2, pela Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), também subiu o número de municípios com casos suspeitos somente na última semana, saindo de cinco para nove localidades. Os municípios com notificação são: Alto Alegre, Amajari, Boa Vista, Cantá, Caroebe, Pacaraima, Rorainópolis, São João da Baliza e Uiramutã.

Os estados do Amazonas e do Pará também apresentaram suspeitas da doença, mas até o momento nada se confirma de que as pessoas infectadas com o vírus tiveram contato com a doença em Roraima. “No Amazonas, foram todos brasileiros confirmados, mas há indícios de que eles teriam tido sim contato com venezuelanos. Nós não podemos afirmar porque ainda não saiu o sequenciamento (identificação do tipo de vírus)”, explicou a coordenadora-geral de Vigilância em Saúde em Roraima, Daniela Souza.

“Se for idêntico ao tipo do vírus encontrado na Venezuela, do tipo G8, então poderemos dizer que o caso é importado de lá. O que eu sei por enquanto é que são cinco casos suspeitos, todos em brasileiros e que em Belém tem três casos suspeitos, mas nós não sabemos ainda se tem relação com venezuelanos”, frisou.

Para Daniela Souza, a multiplicação da doença em um tempo curto, de um caso para 42 em menos de dois meses, se explica por conta da característica do vírus. “O sarampo é uma das doenças de mais alta contaminação que existe. Quem não tem vacina acaba infelizmente contraindo a doença por conta dessa facilidade”, pontuou.

Segundo a coordenadora, os pacientes são na sua maioria do sexo masculino, com idade dos três meses até os 33 anos. Dos 42 confirmados, oito são brasileiros, 16 indígenas e 18 venezuelanos. Ainda desse mesmo total, 11 tiveram internação hospitalar e 14 tem o tipo do vírus G8, idêntico ao vírus que está ocorrendo na Venezuela.

Segundo os dados dos municípios, mais de 60% das doses foram aplicadas em pessoas de 10 a 49 anos. “Só que mais de 60% dos casos confirmados estão em crianças menores de um ano e até 10 anos, ou seja, isso já dá uma sinalização de que a campanha está mais focada no público adulto e que os casos estão mais em crianças”, afirma Daniela.

Também foram distribuídas 122 mil doses para todos os 15 municípios, porém, desde então o único que fez solicitação a mais da dose foi Boa Vista, com o pedido de mais 10 mil doses. A coordenadora informou que a Sesau conta com 200 mil doses ainda em estoque e que o Estado planejou fazer a entrega das vacinas aos poucos, a cada semana, na medida em que a reserva fosse se esvaindo. “Isso também sinaliza que se ninguém mais pediu vacina, ninguém usou mais do que 122 mil doses. Até hoje, o que a gente tem registrado são 40 mil doses aplicadas, sendo 14 mil em Boa Vista”, pontuou.

COMBATE – Com relação à campanha de vacinação, Daniela informou que o Estado enfrenta dificuldades com os municípios em relação ao acesso e repasse de informações atualizadas. Por conta disso, uma reunião foi marcada nesta terça-feira, 3 e outra na quarta-feira, 4, com os secretários municipais e a equipe da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). A coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações, Carla Magda, também participará das duas reuniões através de videoconferência.

Para Daniela, a troca de informações é essencial para fundamentar as ações do Estado e do Ministério da Saúde. “O pacto entre Estado e municípios era que essas informações viessem diariamente, mas a gente acha que está muito lento. Os municípios informam que estão com dificuldade, por isso nós vamos ter essas duas reuniões para abordar esses pontos e discutir as medidas para que essas informações venham um pouco mais rápidas”, salientou.

A coordenadora reforçou que só com esses debates entre as localidades será possível mensurar se a intensificação da campanha, prevista para encerrar no dia 10 de abril, será prorrogada, interrompida ou abordada de outra maneira. “A gente precisa avaliar se precisa ou não estender a campanha, mas a gente precisa ter informações para que essa tomada de decisões seja mais técnica”, frisou.

ESFORÇO – Por fim, a coordenadora ressaltou que o Estado tem feito o seu papel na tentativa de combate da doença, com visitas in loco, capacitações de servidores nos municípios, aluguel de dois veículos para cada localidade com o Estado bancando o combustível para que a campanha chegue a lugares de difícil acesso e outras ações.
“Desde 2015, quando a gente falava em vacinação, o questionamento dos municípios sempre foi questão de logística, então, a gente procurou facilitar. A execução é dos municípios. O que o Estado faz é apoiar e monitorar as ações”, ressaltou. (P.C.)