Até o dia 31 de agosto deste ano, 7.576 bebês nasceram no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth e esse número pode ser ainda maior porque ainda não foram contabilizados os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, onde se registra o maior número de partos dentro da maternidade. Em 2018, foi registrado o nascimento de 10.566 crianças. Os dados são do Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (Same), que foram repassados pela diretora da maternidade, Adriana Casselli.
Conforme o relatório estatístico apresentado para a reportagem, nos dados comparativos entre os meses de janeiro a agosto de 2016, de 2017, de 2018 e 2019, houve um aumento de 4,22% em partos de brasileiras e de 865,77% de venezuelanas.
“O maior fluxo de atendimentos para partos começa em setembro, outubro e novembro, que são os meses em que acontecem mais nascimentos. E a gente correlaciona ao período de nove meses, após festas. Isso é fato”, afirmou Adriana, comentando que com a imigração só aumentou o número de partos. “Estamos fechando mil partos por mês. Somos a primeira maternidade do país em números de partos”, destacou a diretora da maternidade.
A maternidade está fazendo uma projeção de mais de 12 mil partos até dezembro deste ano. “Roraima vinha caminhando de uma forma. Eu não sei quanto vai entrar de venezuelano, então projetamos o nosso plano anual de trabalho em 20% a mais, e mesmo assim nossos insumos se diluíram porque aumentou 93% por causa da imigração”, esclareceu Adriana.
Outro ponto que também tem prejudicado o bom andamento do trabalho na maternidade é que segundo a diretora, as venezuelanas não querem amamentar os recém-nascidos. “Elas têm uma questão estética muito aflorada, apesar das dificuldades. As gestantes venezuelanas também não quererem fazer o parto normal. Elas chegam aqui e exigem que seja feito cesariana. Nós estamos preconizados pelas diretrizes da Organização Mundial de Saúde, que preconiza o parto normal”, disse.
A maternidade não tem o número de casos de gestação de alto risco, mas os registros apontam que aumentou a quantidade de crianças dentro da Unidade de Tratamento Intensivo. “Hoje temos 39 recém-nascidos internados na UTI, sendo que 35,8% são bebês de venezuelanos, o que representa 14 bebês filhos de mães da Venezuela. Também somos a primeira em número de gestação de alto risco. Temos dificuldade de recursos humanos e de abastecimento, porque fazemos um plano anual de trabalho, que é uma projeção do índice de natalidade para o ano seguinte.
Maternidade registra morte de 97 bebês de janeiro a agosto deste ano
Adriana Casselli informou que a morte de crianças tem preocupado os médicos (Foto: Diane Sampaio / Folha BV)
Outro registro feito pela Maternidade foi que 97 bebes vieram a óbito este ano, uma média de 12 mortes por mês. No ano de 2018, foram 143 mortes de bebês registradas.
Entre os óbitos, não foram reveladas quantas são crianças brasileiras e venezuelanas, mas a reportagem recebeu a informação que 90,5% dessas mortes estão vinculadas à prematuridade e má formação congênita durante a gestação. “Essa má formação congênita é um evento clínico que acontece durante a gravidez, em decorrência de patologias que interferem na saúde do bebê. E para que isso não ocorra, é preciso fazer o pré-natal”, esclareceu Adriana
Segundo Adriana, um fator preocupante quanto à gestação de alto risco é o perfil da gestante venezuelana que não faz o pré-natal e o fato de não tomarem o suplemento ácido fólico durante a gestação, suplemento vitamínico que evita a má formação congênita. “
“100% das venezuelanas vêm para a maternidade sem o pré-natal e 100% não tomam ácido fólico. Elas têm vindo desnutridas, com depressão, com doenças sexualmente transmissíveis, ou seja, gerando toda uma gestação de alto risco. Enquanto em outros lugares se atende entre 15% e 20% de gestação de alto risco, aqui atendemos de 80% a 90%”, contou a diretora da maternidade
Comparativos de partos
*Fonte: Same/HMINSN