O Ministério da Saúde (MS) registrou um aumento considerável no número de casos de infectados com o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) em Roraima. De acordo com informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o número de pacientes adultos praticamente dobrou, se comparados os períodos de 2014 e 2015.
No relatório do Sinan, o número total de casos de AIDS no Estado passou de 197, em 2014, para 411, em 2015. O número de pacientes registrados como do sexo masculino era de 136 e 61, o do sexo feminino, no ano de 2014. Já de acordo com os dados de novembro de 2015, foram registrados 267 homens e 144 mulheres com o vírus, ou seja, quase o dobro de infecções.
Quanto à faixa etária, o aumento foi maior para pacientes de 15 a 19 anos, com 12 pacientes em 2014 e 28, em 2015; dos 20 aos 29 anos, com o número de 49 infectados registrados em 2014 e 151, em 2015; de 30 a 39 anos, de 70 infectados em 2014 para 113 em 2015 e, para a terceira idade, de 60 a 69 anos, um registro de três casos em 2014 e 15 em 2015.
Já conforme os municípios, o aumento foi mais concentrado na Capital, com 191 casos em 2014 e 392 registros em 2015 em Boa Vista. Outras localidades que também tiveram aumentos foram Caracaraí, com nenhum caso registrado em 2014 e um caso em 2015; Pacaraima com um caso em 2014 e nove casos no ano seguinte; Rorainópolis com quatro casos em 2014 e seis casos em 2015 e São João da Baliza, com nenhum caso em 2014 e dois casos em 2015.
De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Estado, Luciana Cristina Grisotto, embora o número seja maior, é preciso antes fazer uma análise das ações de combate à Aids em Roraima e procurar entender a razão do quase dobro de registros.
Luciana acredita que um dos motivos para o crescimento dos casos é o advento dos testes rápidos para triagem de HIV, sífilis e hepatite B e C, que facilita o acesso da população e, consequentemente, o diagnóstico da doença.
“Realmente, em relação ao quantitativo de casos, se comparar 2014 e 2015, a gente teve um aumento de notificação de casos. No entanto, é preciso analisar as ações que o Estado tem feito junto com o Governo Federal para coibir essa expansão”, relatou.
“A descentralização dos testes rápidos de HIV fez com que a população tivesse mais acesso e assim a gente pôde ter um registro mais detalhado dos casos da doença em Roraima e iniciar logo um acompanhamento, começar a distribuição dos medicamentos e tentar promover uma qualidade de vida melhor para o paciente”, esclareceu.
Segundo Luciana, o Governo seguiu uma orientação do Ministério da Saúde e intensificou as campanhas de prevenção durante todo o ano de 2015, com distribuição de preservativos e informativos não só nas unidades de saúde, mas também provendo um ponto fixo de esclarecimentos, como é o caso do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e stands nos eventos de grande porte da cidade.
“O Departamento de Vigilância Epidemiológica fez muito isso no ano passado, principalmente nos setores que mais precisam, como nos presídios em que as pessoas não podem procurar as unidades de saúde. Também aliamos os testes rápidos em campanhas contra outras doenças, como a tuberculose, por que sabemos que um paciente com HIV sofre com um sistema imunológico muito mais fraco e precisa de um cuidado muito maior”, disse.
ACOMPANHAMENTO – Para Luciana, agora é o momento de continuar as medidas que já vêm sendo aplicadas de combate à doença, especialmente no acompanhamento das pessoas infectadas que sofrem de dependências de entorpecentes ou nas gestantes.
“Precisamos fazer um trabalho para que as pessoas não abandonem os seus tratamentos, não abdiquem por achar que não têm uma perspectiva de uma vida melhor e também evitar que a transmissão seja ainda maior, principalmente nos casos das mulheres grávidas. Existe uma série de medidas que podem evitar a transmissão da doença para os recém-nascidos, como medicamento, cuidados no trabalho de parto e até na amamentação, que não é recomendada”, comentou.
Além disso, a diretora também frisou que as ações devem continuar no ano de 2016, principalmente nos municípios mais distantes da Capital e que têm um acesso mais difícil. “Para fazer a campanha em outros municípios, precisamos de uma estrutura mínima, pois temos que contar com as pessoas que realizam o teste e oferecer também um trabalho social de conscientização e apoio psicológico, pois não é uma notícia fácil de receber”, disse.
Para a diretora, embora o número seja maior, é preferível que as unidades de saúde trabalhem com dados de acordo com a realidade enfrentada pelo Estado. “Precisamos fazer o nosso trabalho de prevenção e conscientização baseado no número real de casos e não em outro que é muito menor”, relatou. (P.C)