Dois dias após o início de conflitos na Venezuela, o número de venezuelanos entrando em Roraima se mantém alto. Mais de 616 imigrantes passaram pelo Posto de Recepção e Identificação do Exército Brasileiro, instalado no município de Pacaraima, neste dia 1º, quarta-feira. No primeiro dia de conflito entre o governo de Nicolás Maduro e líder oposicionista Juan Guaidó, 848 pessoas atravessaram a fronteira do Brasil com o país vizinho.
Os dados são da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida apontam que 278 pessoas foram até o Posto de Triagem para receberem documentação temporária e vacina. Nos atendimentos de saúde, foram 423 pessoas vacinadas e 1.096 doses aplicadas nesse período. Desses números, apenas 76 venezuelanos pediram refúgio e 202 residências temporárias.
Entre os venezuelanos que já estão situados em Boa Vista e entraram em contato com amigos e parentes, a cidade de Pacaraima está cheia de venezuelanos aguardando documentação para conseguirem adentrar na capital. Os que conseguem, são alocados em transportes cedidos pelo Exército Brasileiro e podem ficar na cidade ou viajarem até Manaus, no Amazonas.
Venezuelanos continuam buscando melhoria de vida após travessia
Com malas nas costas, o adolescente Abelardo Georamata, de 18 anos, tinha acabado de chegar a Boa Vista e se dirigia para o Posto de Informações em frente à Rodoviária Internacional José Armardorde Oliveira para tentar solicitar acomodação. “Na Venezuela estava passando muita necessidade, não tem trabalho, nem alimento e medicação”, relatou e disse ter vindo sozinho para Boa Vista com a intenção de trabalhar e voltar a estudar.
Ele afirmou que a maioria dos problemas relacionados aos conflitos está ocorrendo em Caracas, capital venezuelana, mas que mesmo assim o clima é de medo por não terem acesso às informações através dos meios de comunicação, já que a energia foi cortada desde segunda-feira, 30, na cidade de Ansoategui, estado de San Mateo, de onde saiu de ônibus.
“Temos muito medo porque dizem que pode ter uma guerra ou algo assim. Não tem internet também, tentei ligar para minha família, mas a chamada cai. Vim aqui porque os hospitais são bons, tem médicos. Cheguei com febre e me atenderam muito bem. Procuro aqui os estudos também”, assegurou.
O jovem contou que atravessou a fronteira pelas serras e que sentiu medo porque durante o percurso muitas pessoas faziam cobranças para permitir a passagem e que não visualizou muitos guardas bolivarianos durante o trajeto. “Se não pagamos, eles nos roubam”, encerrou. (A.P.L)